Uma criança de 8 anos de idade cortou seu próprio cabelo após professora ter feito comentários racistas. Os comentários, que foram feitos mais de uma vez, sempre relacionavam o cabelo da menina a desarrumado ou “assanhado”, chegando ao ponto de dizer que a aluna tem “cabelo de arapuca”.
O caso ocorreu na escola Casa Ronaldo Pereira, no Bairro Papicu, em Fortaleza (CE). A estudante contou para sua mãe que, na primeira vez, a professora falou algo sobre o cabelo na produção para uma apresentação escolar. “Para você vir para a apresentação que vai ter, você peça a sua mãe para arrumar o seu cabelo. Eu não quero o seu cabelo assanhado aqui não”, disse a professora à estudante.
Segundo a mãe, a criança relatou que a professora voltou a comentar sobre o seu cabelo. “Mãe, a tia estava falando do meu cabelo, dizendo que o meu cabelo tá todo desarrumado, não tá mais arrumado como era antes, tá indo todo assanhado”. Após ter ouvido essas diversas ofensas de várias pessoas no ambiente escolar, a menina cortou seu próprio cabelo. O vídeo foi publicado pela sua mãe e a garota aparece chorando, mostrando os fios cortados e, em um áudio enviado para uma amiga, ela diz que “não aguenta mais” e que deseja alisar o cabelo.
Os pais da aluna informaram que foram à escola conversar com a diretora sobre o ocorrido, a reunião foi gravada por eles e abaixo segue descrição do áudio da fala da diretoria enviado ao G1. “A gente não fala, isso aí é todos nós, é o direcionamento que eu dou para todo mundo. A gente nunca fala específico. Eu vou confessar o meu pecado, uma deformação para a gente. O que aconteceu agora com a [nome da criança] vai ser formação não só para a tia, mas para mim também. Porque eu mesma às vezes quando vou dar um aviso, e eu conversei principalmente com as meninas da dança antes de ontem, explicando algumas palavras. Porque às vezes a gente diz uma coisa e a criança, por maior que seja, cada um tem um entendimento […] eu falo muito assim: ‘gente, não vamos vir para cá com cabelo de arapuca’. Eu falo arapuca porque era a forma como a minha mãe falava. E quando eu falo em arapuca, não é um cabelo enrolado, não é um cabelo preso, de jeito nenhum, é um cabelo assanhado”, diz a diretora no áudio.
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Em nota, a Casa Ronaldo Pereira diz que está apurando as informações e repudia qualquer tipo de preconceito. “Trabalhamos na formação de valores como respeito e paz. A direção da Casa se coloca à disposição e presta toda solidariedade à criança e sua família”, afirma a nota da escola..
Também em nota, a Polícia Civil informou que a Delegacia de Combate à Exploração da Criança e do Adolescente investiga “uma possível prática de injúria racial contra uma criança por parte de uma educadora”.
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