Apenas 33,5% dos prefeitos que tomaram posse em 1º de janeiro se autodeclararam negros

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Representatividade negra entre prefeitos cresce, mas ainda está distante da população - Foto: Pexels

Em 1º de janeiro de 2025, prefeitos de 5.568 municípios brasileiros tomaram posse. Destes, 33,5% dos prefeitos eleitos em 2024 se autodeclararam negros (pretos ou pardos), representando um aumento de 1,6 ponto percentual em relação às eleições de 2020, quando o percentual era de 31,9%, de acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

A distribuição regional evidencia as desigualdades. A região Sul é a que apresenta a menor representatividade, com negros liderando apenas 28% dos municípios. No Nordeste, onde a população negra é majoritária, avanços foram observados, mas o Instituto Odara destaca que a combinação de gênero e raça ainda aponta para uma disparidade significativa. “Se mantivermos o ritmo atual, levará mais de um século para alcançarmos a paridade entre homens e mulheres negras na política”, ressalta a instituição.

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Representatividade negra entre prefeitos cresce, mas ainda está distante da população – Foto: Pexels

Entre as mulheres, os avanços também são limitados. Apenas 13% das prefeituras serão comandadas por prefeitas, um aumento pequeno em relação a 2020. Dos 5.568 municípios brasileiros, 727 serão liderados por mulheres. Nas capitais, a presença feminina é ainda mais reduzida: apenas duas prefeitas foram eleitas, Emília Corrêa (PL) em Aracaju e Adriane Lopes (PP) em Campo Grande, de acordo com dados do Congresso em Foco.

Especialistas apontam que, apesar dos avanços, a sub-representação de negros e mulheres na política brasileira persiste devido a barreiras estruturais. De acordo com o relatório “Perfil dos Eleitos 2024”, do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), embora os homens negros tenham realizado 37% das candidaturas, apenas um em cada seis conseguiu ser eleito. Já as mulheres representam 17,9% dos eleitos, ocupando menos de 18% das vagas disponíveis.

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No entanto, há sinais de resistência e protagonismo. Muitos dos prefeitos negros eleitos destacaram-se por suas propostas voltadas para a inclusão social e o combate às desigualdades. “A presença de prefeitos negros em cargos de liderança nos permite discutir soluções mais efetivas para os problemas de educação, moradia e saúde em regiões historicamente marginalizadas”, comenta o socólogo José Vicente, reitor da Universidade Zumbi dos Palmares.

A eleição de 2024 mostrou avanços modestos, mas revela a importância de pautas como inclusão racial e de gênero na política brasileira. Para transformar as prefeituras em espaços mais representativos da diversidade do Brasil, especialistas apontam que é essencial continuar investindo em formação política, incentivo a candidaturas negras e monitoramento de políticas públicas que fortaleçam a equidade.

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