A escritora e ativista política Alzira Rufino morreu na noite da última quarta-feira (26), aos 73 anos, em Santos, São Paulo. Referência da militância negra, Alzira estava internada Hospital Ana Costa e até o fechamento dessa matéria, não havia sido divulgado a causa da morte.
Graduada em enfermagem, Alzira é fundadora da Casa de Cultura Mulher Negra, em Santos, cuja edição da revista Esparrei também estava sob sua gestão. Sendo assim, o espaço oferecia, desde 1990, apoio psicológico e jurídico para vítimas de violência doméstica e preconceito racial, além de acolhimento.
Cremada na quinta-feira, (27), no Memorial Necrópole Ecumênica, localizado também em Santos, litoral paulista, a intelectual deixa a companheira Urivany Carvalho.
O legado
Nascida em Santos, 06 de julho de 1949, Alzira veio de família pobre e lutou por igualdade racial, atuou na defesa dos Direitos da Mulher e no Movimento negro. Desse modo, promoveu o afroempreendedorismo em sua cidade e o Coletivo de Mulheres Negras da Baixada Santista.
Mas ao longo da vida, Alzira Rufino recebeu diversos prêmios, entre eles, dois anos após fundar a Casa da Cultura da Mulher. Assim, se consagrou como a primeira mulher negra a receber o título de Cidadão Emérita, concedido pela Câmara Municipal de Santos.
Dessa forma, o reconhecimento fica reservado às pessoas que tiveram distinção e notoriedade nacional ou internacional devido a algum feito no campo relacionado a atividade humana.
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A ativista também se destacou no ramo literário como poeta e contista, ela participou de edições de Cadernos Negros, da editora Quilombhoje. Realizou o lançamento do livro Eu, mulher negra, resisto em 1998.
Escreveu vários ensaios, entre eles em 1987, “Mulher negra, uma perspectiva histórica” e em 1996, “O poder muda de mãos, não de cor”. Como referência literária, ao todo, autora escreveu 19 obras.
Já em 2005, fez parte de uma seleta lista de mulheres brasileiras indicadas para o Projeto 1000 Mulheres para o prêmio Nobel da Paz, ocupando a 52ª posição.
No ano de 2014, recebeu da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo a medalha Ruth Cardoso. Honraria conferida aos líderes em luta pelos Direitos da Mulher.