Uma das principais revistas científicas do mundo, a American Journal of Preventive Medicine, publicou um estudo que defende que nem só fatores biológicos devem ser considerados quando se trata de entender o aumento de diagnósticos de Alzheimer ao redor do mundo. O estudo da AJPM, apontou que os países de média e baixa renda, concentram cerca de 2\3 dos casos de todo o planeta.
O estudo, publicado no último ano, chama atenção para questões socioeconômicas como um aspecto envolvido para compreender a distribuição de casos da condição no mundo. Os autores traçaram relação entre as tendências nos casos de Alzheimer e questões de desigualdade demográfica ao redor do globo com o objetivo de entender se havia alguma associação entre esses diferentes fatores.

Utilizando também dados socioeconômicos de diferentes regiões, renda média populacional, nível de escolaridade e gastos públicos com saúde como fatores econômicos relevantes para os especialistas.
Os autores concluíram que os aspectos apresentados influenciam demograficamente, podem consequentemente, representar maior risco para o desenvolvimento ou agravamento da condição cognitiva. Um dos casos concluídos pelos autores é o dos gastos públicos com saúde, que influenciam diretamente o acesso a serviços de cuidados ou de prevenção do Alzheimer.
Os pesquisadores do estudo apontam que a conclusão do artigo repercute a necessidade de prestar atenção em países em desenvolvimento. Ao fazer isso, seria possível desenhar melhores estratégias para barrar o avanço do Alzheimer ao redor do mundo, como por meio de colaborações internacionais.
O vice coordenador do Departamento Científico de Neurologia Cognitiva e do Envelhecimento da Academia Brasileira de Neurologia (ABN), Adalberto Studart Neto, afirma que a conclusão do novo estudo vai ao encontro de evidências já consolidadas acerca de fatores de risco para demências. Baixa escolaridade, perda auditiva, colesterol ruim, depressão, sedentarismo, diabetes, tabagismo, hipertensão, obesidade e abuso do álcool são alguns exemplos.
“Alguns desses fatores de risco são associados com o desenvolvimento socioeconômico, como a baixa escolaridade, e enquanto outros são muito associados aos cuidados de saúde de modo geral”, afirma Neto, que não participou do artigo publicado pela AJPM.
Confira o artigo completo no portal da American Journal of Preventive Medicine (AJPM).
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