A Alemanha devolveu à Nigéria mais de 20 objetos retirados do território do país na época da colonização britânica. A ação foi realizada após pressão de governos e da sociedade civil, em um movimento que busca expandir a relação entre Europa e África.
Entre os objetos devolvidos estão algumas das famosas cabeças cerimoniais, uma placa decorada e uma máscara em miniatura da Iyoba (rainha-mãe), feita de marfim e decorada com pérolas amarelas, coral vermelho e uma coroa de peixe-gato estilizado.
Essas esculturas e peças metálicas dos séculos XVI e XVIII e são consideradas valiosos exemplares da arte africana. Elas foram retiradas por tropas britânicas da região que correspondia ao Reino do Benin, localizada no atual estado nigeriano de Edo, depois alocadas em museus dos Estados Unidos e da Europa.
“Funcionários do meu país compraram os bronzes, sabendo que haviam sido roubados. Depois disso, ignoramos o apelo da Nigéria para devolvê-los por muito tempo. Foi errado comprá-los, e foi errado mantê-los”, disse a ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, à emissora alemã DW.
O retorno das peças de Bronzes de Benin obedece a um acordo feito, no início deste ano, para transferir a propriedade de mais de mil artefatos ao seu lugar de origem.
O primeiro pedido da Nigéria pela devolução dos Bronzes foi realizado há cinquenta anos. Dessa forma, o movimento iniciado pela Alemanha é resultado de um longo processo de discussão mundial.
Isso aumenta a pressão sobre outras nações como Inglaterra e França para devolverem peças saqueadas de países colonizados. Para além de sua beleza e arte técnica, as peças são de importância espiritual e histórica para o povo daquela parte da Nigéria, sendo um ponto de dor para os descendentes do antigo reino de Benin.
“O que significaria para nós sermos privados de nossa herança cultural? Evoca uma sensação de perda que mal posso imaginar. Para você aqui na Nigéria, no entanto, esta perda tem sido a realidade”, disse Baerbock durante a cerimônia em Abuja.
Muitos dos objetos foram levados da região em 1897, quando uma expedição militar britânica atacou e destruir a cidade de Benín, roubando milhares de esculturas.
“Estamos devolvendo uma parte da história de vocês, uma parte do que vocês são. Estamos aqui para corrigir um erro”, disse a ministra Annalena Baerbock, que marcou presença na cerimônia de devolução dos objetos em Abuja, capital nigeriana.
Porém, a decepção com o governo britânico esteve presente na cerimônia de devolução, uma vez que a maior coleção de Bronzes de Benin se encontra no British Museum. “O Reino Unido tem a maior parte das obras e achávamos que eles liderariam a iniciativa. Foram eles que vieram aqui e destruíram o império, deveriam liderar a restituição”, afirmou Godwin Obaseki, governador do estado de Edo.
A devolução dos objetos de bronze para a Nigéria se assemelha a medidas de outras países que aconteceu também em 2022.
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Em julho, a Bélgica devolveu uma máscara histórica retirada da República Democrática do Congo. O artefato, tradicional do povo Suku, até então era exibido no Museu da África, baseado na cidade belga de Tervuren. Em agosto, um museu de Londres anunciou que devolveria ao país 72 duas peças saqueadas.