O consumo de bebidas alcoólicas é responsável por cerca de 3 milhões de mortes por ano no mundo e 379 mil nas Américas, segundo a Organização Pan Americana de Saúde. No Brasil, são quase 105 mil mortes anuais. O problema vai além da saúde: a cadeia produtiva do álcool consome recursos naturais em escala alarmante. Apenas para produzir 1 litro de cerveja, são necessários aproximadamente 298 litros de água, sem contar a poluição gerada pelo descarte de embalagens e resíduos.
A campanha Duplo Impacto, da ACT Promoção da Saúde, alerta que, assim como o tabaco e os ultraprocessados, o álcool gera prejuízos ambientais desde a produção até o descarte. O cultivo de insumos, o processamento industrial e a distribuição consomem energia e aumentam as emissões de gases de efeito estufa. Já as embalagens, muitas de vidro, alumínio e plástico, acabam frequentemente no lixo comum ou nos oceanos, contribuindo para a crise global da poluição plástica.
No Brasil, o impacto social do álcool é ainda mais acentuado entre populações vulneráveis. Pessoas de baixa renda e baixa escolaridade são mais expostas à publicidade agressiva e a contextos que favorecem o consumo, mas têm menos acesso a políticas de prevenção e tratamento. Essa desigualdade aprofunda ciclos de adoecimento, perda de produtividade e violência, criando um problema de saúde pública com múltiplas camadas.
O custo econômico também é expressivo. Novo estudo da Vital Strategies mostra que são 100 mil vidas perdidas e um da ordem de R$20 bilhões em 2019.
Para a ACT, enfrentar o problema exige medidas estruturais, como tributação seletiva mais alta, restrições à publicidade, proibição de patrocínios esportivos e culturais e destinação da arrecadação para o fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS) e para políticas ambientais. O objetivo é reduzir o consumo e, ao mesmo tempo, proteger recursos naturais e comunidades vulneráveis.
Mais do que uma questão de saúde, o consumo de álcool é também um desafio ambiental e social. Combater seus efeitos exige políticas públicas integradas que reconheçam que a saúde humana e a do planeta são indissociáveis.
