Por três dias uma aeronave agrícola sobrevoou a comunidade rural do Araçá, município de Buriti, no Maranhão jogando agrotóxicos sobre a população.
Edimilson Silva de Lima, presidente da associação de moradores, pensou que um desastre estava em curso. Dos 80 moradores, Edimilson Silva de Lima, presidente da associação de moradores, contou ao menos oito estão com sintomas de intoxicação como coceiras, febre e manchas pelo corpo, mas é possível que mais gente tenha se intoxicado. Uma criança de 7 anos, o menino André, teve manchas vermelhas que se abriram em feridas e ele ficou — e partes da pele estão— em carne viva. Em vídeo enviado por sua mãe ao portal UOL, é possível ver feridas abertas na sua cabeça, nas mãos, nos pés e nas pernas.
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Os moradores suspeitam que o avião foi contratado pelo produtor de soja Gabriel Introvini, que tem histórico de conflitos com comunidades da região. Segundo Diogo Cabral, advogado da Sociedade Maranhense de Direitos Humanos, o avião vinha de uma terra alugada por Introvini. Diversas denúncias feitas pelas comunidades e até uma operação da polícia apontam ele e seu filho, André Introvini, como responsáveis por desmatamento ilegal do Cerrado, roubo de terras e tentativas de expulsar os moradores, segundo matéria publicada no portal UOL.
O conflito já dura cerca de quatro anos. As comunidades estavam na região antes da chegada das plantações de soja e viram o Cerrado ser desmatado para dar lugar à monocultura. Hoje, fazendas fazem fronteira com as casas.
Essa não é a primeira vez que os moradores respiram veneno. Há anos as comunidades locais relatam os efeitos da intoxicação. Dessa vez, porém, elas relatam que receberam ameaça de funcionário da família Introvini sobre o uso de agrotóxicos como arma para intimidação.
O problema não é isolado no Maranhão. Crescem as denúncias de comunidades rurais com sintomas de intoxicação devido a agrotóxicos pulverizados por aviões por fazendeiros que têm interesse na sua saída. Como as plantações fazem fronteira com as casas, o vento leva a nuvem de veneno para as áreas habitadas.
Fonte: Da Repórter Brasil e da Agência Pública