O embaixador sul-africano afirmou que o apartheid que Israel promove contra palestinos é mais extremo do que o que houve contra os negros, na África do Sul. A fala foi feita nesta terça-feira (20), durante sessão de audiência que ocorre na Corte Internacional de Justiça da Organização das Nações Unidas (ONU), que tem sede em Haia, Holanda.
“Como sul-africanos, percebemos, vemos, ouvimos e sentimos profundamente as políticas e práticas discriminatórias desumanas do regime israelense como uma forma ainda mais extrema de apartheid institucionalizado contra os negros em meu país”, disse o embaixador sul-africano, Vusimuzi Madonsela.
Entre os anos de 1948 e 1994, foi estabelecido um regime de apartheid na África do Sul, que impunha a segregação entre negros e brancos do país através de leis que garantiam privilégios a população branca. As tensões entre Israel e Palestina já existem desde 1948, ano de fundação do Estado Israelense, com vários confrontos e guerras desde então.
A corte de instância máxima da ONU está julgando as consequências legais da ocupação israelense em territórios palestinos desde 1967, quando ocorreu a guerra dos seis dias e Israel anexou vários territórios. Além da Faixa de Gaza, serão analisados também territórios da Cisjordânia e Jerusalém Oriental.
Durante Assembleia-Geral da ONU, foi feito o pedido para convocarem as audiências. Mais de 50 países estarão representados, incluindo Estados Unidos, China e Rússia. O Brasil deverá fazer seu discurso ainda nesta terça-feira (20), no encontro que receberá mais audiências até a próxima segunda-feira (26).
Representantes sul-africanos também pediram que a corte emita uma parecer jurídico caracterizando que a ocupação dos territórios palestinos é ilegal. Porém, como o parecer é não vinculante, Israel pode não acatar as opiniões. Mas a África do Sul entende que a tal declaração conjunta contribuiria nos esforços para os países chegarem a um acordo.
Os próprios palestinos já haviam acusado Israel de impor apartheid, na segunda-feira (19), e pediram ao tribunal que declarasse a ocupação ilegal. A Autoridade Nacional Palestina governa parcialmente a Cisjordânia, ocupada por Israel desde 1967, e busca a solução de dois Estados.
Israel não participa das audiências na corte, mas enviou declaração por escrito, e entende que um parecer consultivo atrapalha os países a chegarem em um acordo.