Nos últimos dias, o debate sobre o corpo ideal se destacou nas redes sociais, após algumas declarações do pagodeiro Rodriguinho, no BBB 24. Com falas consideradas gordofóbicas, o pagodeiro fez comentários sobre o corpo das participantes do reality. Segundo a psicóloga Letícia Alvarenga, o julgamento do corpo do outro, sobretudo o feminino, passou a ser naturalizado.
“Crescemos nessa dinâmica, acabamos aceitando a gordofobia e a pressão estética como algo natural e levando apenas como uma questão individual”, declarou a especialista. De acordo com a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade (Abeso), 85,3% das pessoas consideradas obesas no Brasil já passaram por situações de gordofobia.
Ainda em conversa com o Notícia Preta, a psicóloga continuou explicando como tal comportamento acaba visto como normal. “Ouvimos e usamos justificativas como: “Estou preocupado com a sua saúde!”, “Está relaxada!” então por mais que a gente sinta algum desconforto , acaba reproduzindo essa pressão/discriminação com o outro“.
A especialista alerta sobre os impactos emocionais nas pessoas que vivenciam esse tipo de preconceito, e que lidam com a exigência estética.
“A discriminação em todas as suas formas acaba fazendo com que pessoas sintam-se deslocadas socialmente, o que pode fazer com que tomem diversas medidas para se enquadrar dentro dos padrões ou um sofrimento e sentimento de inadequação tão grande que as leva a processos ansiosos e/ou
depressivos levando a um isolamento social entre outros desdobramentos prejudiciais à saúde física e emocional e o mesmo ocorre com a gordofobia”, alertou.
Os dados levantados pela Abeso também revelam que 72% dos entrevistados sofreram constrangimento por conta de seu peso, em sua própria casa, por familiares. Já 65,5% tiveram essa experiência em locais comerciais, e 63% por parte de amigos.
O psicólogo Gustavo Henrique destaca a influência da mídia, e da indústria da beleza que gera uma influencia sobre as pessoas, nesse processo de pressão estética.
“A questão do culto ao corpo, da mídia e indústria da beleza que fomenta também isso no nosso imaginário, constantemente. Então tem o inconsciente coletivo aí que constantemente acessa essas informações. E aí vai construindo a ideia do que é belo, do que é desejável. A gente já vê aí muitas campanhas publicitárias tentando incluir outros corpos nas suas propagandas e chamadas. A gente sabe que ainda é muito presente porque é muito maciço a construção desse padrão”, pontua Gustavo.
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