Nomes como Lázaro Ramos, Léo Santana, Cris Vianna, Teresa Cristina e Tia Má se uniram nesta terça-feira (31) para redigir um manifesto criticando o silêncio de outras celebridades após declarações racistas do jornalista e agente de turismo Rodrigo Branco. O grupo conta com vários ativistas negros, entre atores, jornalistas e influenciadores digitais.
Confira o manifesto:
“Não basta não ser racista, é preciso ser antirracista!”
A frase de Angela Davis é fundamental para entender quem são os aliados no debate racial. O antropólogo Kabenguele Munanga classificou o racismo como “o crime perfeito”. Quem discrimina sai ileso e os negros continuam precisando se pronunciar a cada novo episódio. Estamos todos com medo do coronavírus, mas o racismo cotidiano não entra em quarentena.
É comum que pessoas negras sejam cobradas a responder pelo racismo que sofrem. Enquanto isso, o silêncio dos supostos aliados também nos assassina. Ser antirracista é chamar a responsabilidade pra si e convocar seus pares para enfrentarem juntos o projeto de extermínio que se alastra há mais de 500 anos.
A questão racial estrutura as desigualdades socioeconômicas do Brasil. Silenciar diante do racismo é legitimar que o sistema permaneça intacto. Cida Bento chama isso de “Pacto Narcísico da Branquitude”. As evidências aparecem diariamente: guia de turismo, cineastas, BBB, o extermínio acelerado da juventude negra. Se você silencia diante dessas violências, certamente não é aliado na luta antirracista.
A história cobrará a todos, mas sobretudo aos que se calaram enquanto morremos e somos cruelmente violentados. Não vamos retroceder, e muito menos, silenciar. Gritaremos. Reagiremos.
“Se você enfia uma faca de 22 centímetros em minhas costas e puxar quinze centímetros para fora, não haverá progresso. O progresso vem quando se cura a ferida que o golpe fez. Eles nem começaram a puxar a faca. Eles não admitem que a faca está lá.” – Malcolm X