PF relata tortura de crianças e execuções por policiais no Amazonas, em investigação

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Uma investigação feita pela Polícia Federal (PF) aponta uma prática cruel feita contra crianças amazonenses. O crime investigado é de uma chacina cometida por policiais militares no Amazonas que contou com execuções, tortura de criança e adolescente, e asfixia com sacos plásticos, de acordo com o relatório da PF finalizado em abril deste ano.

A chacina que ocorreu em agosto de 2020, foi feita contra comunidades ribeirinhas e indígenas na região do rio Abacaxis, entre os municípios de Nova Olinda do Norte e Borba. Desde então, a PF busca responsabilizar os quase 130 policiais militares e civis que fizeram parte da operação, que, de acordo com as autoridades, foi uma atuação de um grupo de extermínio.

Policiais Militares do Estado do Amazonas são acusados de extermínio e tortura de crianças – Foto: Carlos Soares/SSP-AM

O coronel da PM Louismar Bonates – ex-secretário de Segurança Pública amazonense – e o ex-comandante-geral da PM do estado Ayrton Ferreira do Norte foram indiciados, o primeiro por ordenar e viabilizar a operação, e o segundo por comandá-la. A PF também destacou que o caso aconteceu com um apoio institucional para ocultação dos crimes.

Além dos atos de violência e assassinatos, a PF listou incêndios criminosos de três casas em uma aldeia, com destruição de documentos e bens. O Notícia Preta entrou em contato com a Secretaria de Segurança Pública do Amazonas e não obtivemos resposta até o fechamento dessa matéria.

Entenda o caso

De acordo com relatos da PM, a operação começou após um secretário estadual tentar entrar em uma terra protegida da União, sem autorização, para pesca esportiva. Depois da tentativa, o secretário alegou ter sido atingido por um disparo de arma de fogo e afirmou que voltaria armado ao local, conforme contam testemunhas citadas pela PF no relatório.

Com a chegada de um grupo de policiais sem uniformes e sem mandados de busca ou prisão na região, dois acabaram baleados e mortos, e outros dois ficaram feridos. Isso desencadeou em uma ação no local, com a justificativa de combater o tráfico de drogas, mas de acordo com a PF, na verdade, a operação era apenas uma ação de extermínio motivada por vingança.

Os crimes registrados pela Polícia Federal são homicídio qualificado, tortura, lesão corporal, roubo, ameaça, invasão de domicílio, incêndio criminoso, abuso de autoridade e associação criminosa. Tudo por parte dos PMs envolvidos, e de integrantes da alta cúpula das autoridades estaduais, que na época era comandada pelo governador Wilson Lima (União Brasil), que foi reeleito em outubro de 2022.

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Bárbara Souza

Bárbara Souza

Carioca da gema, criada em uma cidade litorânea do interior do estado, retornou à capital para concluir a graduação. Formada em Jornalismo em 2021, possui experiência em jornalismo digital, escrita e redes sociais e dança nas horas vagas. Se empenha na construção de uma comunicação preta e antirracista.

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