A festa popular maranhense Bumba Meu Boi foi declarada, pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. O título foi concedido durante a 14ª Reunião do Comitê Intergovernamental para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial da Unesco, realizada na capital da Colômbia, Bogotá.
Considerado, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), um complexo cultural, o Bumba Meu Boi é o sexto bem brasileiro a integrar a lista internacional, ao lado da Arte Kusiwa – Pintura Corporal e Arte Gráfica Wajãpi (2003), do Samba de Roda no Recôncavo Baiano (2005), do Frevo: expressão artística do carnaval de Recife (2012), do Círio de Nossa Senhora de Nazaré (2013) e da Roda de Capoeira (2014).
A celebração narra a história do escravo conhecido como Pai Francisco e sua esposa grávida, Catirina, que desejava comer língua de boi. Para satisfazer o desejo dela, ele matou o boi mais precioso da fazenda, provocando a ira do fazendeiro. Com a ajuda de pajés e curandeiros o animal ressuscitou. Houve uma grande comemoração na comunidade. Por se tratar de uma festa de origem negra, o Bumba Meu Boi foi proibido durante o período de 1861 a 1868. Hoje, é considerada a maior manifestação popular do estado do Maranhão.
Segundo o Iphan, o Bumba Meu Boi é uma mistura de celebração artística e religiosa, marcada pelo sincretismo entre cultos africanos e elementos do catolicismo.
“Como parte desse rico patrimônio cultural que é o Bumba-meu-boi, encontra-se uma diversidade de elementos que dão visibilidade à cultura popular maranhense, relacionados à religiosidade popular católica, com os batismos dos Bois; aos cultos afro-maranhenses, com os Bois de Terreiro; e às formas de expressão artística, com os bailados dos brincantes” – Dossiê de registro, 2011.