Um dos maiores festivais de dança do país, “O Corpo Negro” começa neste sábado (29), — Dia Mundial da Dança — às 19h, com apresentação gratuita de espetáculos criados e executados exclusivamente por artistas negros e negras. Realizado pelo Sesc RJ, o evento chega a sua terceira edição com mais de 90 apresentações, shows, mostra audiovisual, oficinas e debates, ao longo de um mês, selecionados por meio de um edital público.
Todas as atividades são gratuitas, com a retirada antecipada dos ingressos nos espaços com lotação limitada. Confira a programação detalhada aqui.
A abertura terá a performance Ará Dudu, de Aline Valentim e Valéria Monã, em homenagem ao casal Carlos Negreiros, músico e líder da Orquestra Afro-Brasileira, morto no ano passado, e Isaura de Assis, uma das primeiras bailarinas e coreógrafas de dança afro do país, integrante do balé de Mercedes Baptista. O casal está na gênese da dança afro no Rio de Janeiro. A noite será encerrada com o show Mãe África, do Awure.
A seleção dos artistas por meio de um edital afirmativo e inédito de dança para todo o Brasil tem o objetivo fortalecer o segmento, gerar empregabilidade e proporcionar um espaço de visibilidade para os seus trabalhos. Foram destinados R$ 690 mil às produções, selecionadas no ano passado. De acordo com o analista técnico de Artes Cênicas do Sesc RJ, André Gracindo, o projeto quer ser o ponto de partida para mais protagonismo negro na cultura brasileira.
“É a primeira vez que realizamos um edital orientado para artistas negros da dança. Mais do que uma ação afirmativa, que contribui para um ambiente justo e socialmente igualitário, o festival busca celebrar a contribuição desses artistas, em todo o país, para a dança. Durante um mês inteiro vamos parar unidades do Sesc no estado e mobilizar cidades para discutir dança e a urgência do combate ao racismo estrutural no setor cultural”, explica.
O projeto colabora com as discussões sobre como o racismo estrutural passa pela e com a necessária implementação de ações coletivas de outros setores da sociedade. “Desde a reelaboração dos livros de história que não podem mais representar como heróis os algozes de todas as etnias escravizadas; até as ações no campo simbólico, como a representação positiva da imagem da pessoa negra na cultura e na sociedade de forma geral”, acrescenta Gracindo.
A programação se estende até 28 de maio nas cidades de Rio de Janeiro, Niterói, São Gonçalo, Nova Iguaçu, Nova Friburgo, Petrópolis e Volta Redonda. Os espetáculos serão apresentados em cerca de 18 espaços desses municípios, entre unidades do Sesc, escolas e universidades e praças públicas. As obras são de nove grupos do Rio e de mais 3 estados: Bahia, Ceará e São Paulo.