A poluição das águas da Baía de Guanabara agrava a situação de pobreza, das desigualdades e é fonte de insalubridade para a comunidade deSaracuruna
Por Juliane Sousa*
Mais de 50 famílias da comunidade de Saracuruna, localizada no município de Duque de Caxias, no Estado do Rio de Janeiro, sofrem com o derramamento de lixo nos rios, insegurança alimentar e doenças causadas pela poluição atmosférica.
Segundo relato dos próprios moradores, há décadas a população é impactada pelo lixo oriundo da Baía de Guanabara, que causa uma série de impactos à população de pescadores e pescadoras da região. Com a poluição das águas, peixes e caranguejos são cada vez mais escassos. Isso agrava a situação de pobreza, afetando diretamente a renda e a segurança alimentar das famílias que dependem dos recursos pesqueiros para sobreviver nesse território.
A comunidade de pescadores e pescadoras da região têm se organizado para lutar por seus direitos territoriais e políticas públicas que valorizem e incentivem a permanência da população no território.
“O apoio da Confrem é para que consigam se organizar, ter uma renda para continuarem se alimentando com segurança. Mas, principalmente, para poderem discutir estratégias de enfrentamento a essa situação.”, explica Kátia Barros, assessora de projetos da Comissão Nacional de Fortalecimento das Reservas Extrativistas e Povos Tradicionais Extrativistas Costeiros e Marinhos (Confrem)
Desde o ano de 2022, a Confrem, por meio do projeto Maré a Leste, articula junto aos moradores, a criação de uma Associação dos Pescadores e Pescadoras, formações e capacitações de lideranças para garantir a participação social na gestão das unidades de proteção integral.
Kátia Barros, ressalta a importância de discutir os marcadores sociais e de raça de populações que são constantemente impactadas pelos problemas socioambientais. Também chama a atenção para o racismo ambiental que afeta diretamente comunidades que vivem nessas regiões.
“Porque é mais uma comunidade negra que é impactada, que é escolhida para sofrer esses impactos. Ela não é uma escolha aleatória, ela é uma escolha de que determinados poluentes, determinados eixos de poluição devem ficar em determinadas populações, e essas populações são sempre negras”, enfatiza.
“Tratando dessa coisa do Racismo Ambiental, como se nós tivéssemos sempre que viver à margem de tudo e sempre impactados por todas as mazelas que se tem. No Rio de Janeiro, isso é muito nítido”, desabafa Kátia.
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A ausência de políticas públicas são apenas consequências dessa invisibilização. Além disso, o território de Saracuruna, segundo Kátia, tem um histórico de pessoas e organizações que se aproximam da comunidade prometendo apoio, mas não cumprem.
A reportagem do Notícia Preta entrou em contato com o Governo do Estado do Rio de Janeiro para pegar um posicionamento a respeito da situação dos pescadores e pescadoras de Saracuruna, mas até o fechamento da matéria não havia retornado nossos contatos.
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