Uma pessoa é morta pelo estado a cada 5 horas no RJ, segundo dados do ISP

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Foto: Betinho Casas Novas

De janeiro a julho deste ano, segundo dados do Instituto de Segurança Pública, as mortes por intervenção de agentes do estado no Rio de Janeiro subiram de 899 para 1.075, na comparação com o mesmo período de 2018. É o ano com mais mortes desde 2003. Isso representa uma pessoa morta pelo estado a cada 5 horas.

Julho foi o mês com mais mortes em ações policiais desde 1998, quando o índice começou a ser divulgado; foram 194 mortes em 31 dias.

Os dados do ISP também mostram que o indicador de letalidade violenta (que engloba homicídios dolosos, roubos seguidos de morte, lesões corporais seguidas de morte e autos de resistência) apresentou uma redução de 14% entre janeiro e julho, na comparação com o mesmo período de 2018. Com a queda dos homicídios e o crescimento dos autos de resistência, a polícia já é responsável por 30% das mortes violentas ocorridas no Estado do Rio. Olhando-se apenas julho deste ano, 37% das 518 mortes violentas do mês tiveram agentes de segurança como autores.

A obra da escravidão no Brasil continua e a violência que se pratica hoje faz parte desta obra da escravidão Coronel Ibís Pereira, ex-Comandante geral da PMERJ

Mesmo após as mortes de seis jovens inocentes na semana passada, o governador Wilson Witzel disse que não recuaria com a política de segurança de seu governo. Uma espécie de licença para matar,anunciada por Witzel durante toda a campanha eleitoral de 2018, está em pleno vigor no Rio. Na semana passada o Governo do Estado lamentou essas mortes e “todas que ainda ocorrerão”, além de culpar os defensores dos Direitos Humanos por elas. “Pessoas que se dizem defensoras dos Direitos Humanos não querem que a polícia mate quem está de fuzil, mas aí quem morre são os inocentes. Esses cadáveres não estão no meu colo, estão no colo de vocês”, afirmou.

Segundo o Coronel Ibís Pereira, ex-Comandante geral da PMERJ os altos índices de letalidade policial revelam um estado com políticas públicas equivocadas e que utilizam apenas o enfrentamento militarizado para combater a violência:

” A obra da escravidão no Brasil continua e a violência que se pratica hoje faz parte desta obra da escravidão. Pensar na policia como esse órgão do estado e nos números alarmam entes da letalidade policial no Brasil, também é entender esse estado brasileiro, que de alguma maneira não compreende entre as suas atribuições o dever de integrar os historicamente excluídos. A policia é um braço do estado é de acordo com nossa constituição ela deveria estar comprometida com a promoção da dignidade da pessoa humano. A polícia no Brasil mata 14 pessoas por dia, o que significa uma atuação completamente divorciada do principio da promoção e do respeito a dignidade da pessoa humana. De alguma maneira isso acontece por conta de políticas públicas equivocadas que ainda estão centradas na perspectiva do enfrentamento militarizado, bélico, na questão do crime. A gente não compreende o crime como um fenômeno sociopolítico e não pensamos em enfrentar o crime a partir de políticas estruturantes . a gente continua pensando em enfrentar o crime unica e exclusivamente a partir das forças policiais”, explica o coronel.

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