Mahomes e Hurts: Super Bowl tem 2 quarterbacks negros pela primeira vez

O Super Bowl LVII, teve como vencedor o Kansas City Chiefs sobre o Philadelphia Eagles, em noite embalada por Rihanna. Dentro e fora dos gramados, por si só, foi um evento histórico por ser a primeira vez que a NFL teve dois quarterbacks negros na decisão.

Mas vai além: é simbólico para a evolução da liga, tendo em vista que a posição, considerada a principal e uma das mais bem remuneradas do futebol norte-americano, consegue dar um passo importante contra seu passado de segregação.

Novato em Super Bowl, Jalen Hurts foi apenas o oitavo quarterback negro a estar no maior palco do futebol americano. Chegou em 2020 para ser reserva, mas os Eagles perceberam que, para retornar à grande decisão da NFL, não deveriam insistir na mesma fórmula de 2017.

Era necessário se reinventar. Já Mahomes, tem ganhado destaque nos últimos cinco anos desde que se tornou o quarterback titular do Kansas City Chiefs, levou a sua franquia para todas as finais de conferência. Dessas, foi ao Super Bowl em três oportunidades e conquistou o título em uma. Nas duas que acabou vice-campeão, sofreu com algum tipo de lesão. Fenômeno, é considerado o nome mais talentoso da NFL atualmente e cotado para ser o sucessor de Tom Brady em termos de dominância na liga.

“Por ser um jogo que o mundo estará vendo e ter dois quarterbacks negros como titulares no Super Bowl, eu acredito que será muito especial. Eu tenho aprendido cada vez mais sobre a história de QBs negros desde que entrei na NFL e os jogadores que vieram antes do Jalen (Hurts) e de mim prepararam o caminho para isso acontecer. Eu sou muito grato por nós estarmos colaborando para melhorar esse caminho para os jovens que estão chegando agora”, afirma Mahomes.

Por sua vez, o estreante no Super Bowl Jalen Hurts destacou outros nomes negros históricos na posição e ressaltou o legado deles para o duelo especial do próximo domingo.

“Isso é histórico. Se não me engano, temos apenas sete negros a disputarem. Tenho muito respeito por esses caras. Os caras que vieram antes de mim. Randall (Cunningham), Mike (Vick), McNabb. Exatamente como eles jogaram o jogo. Eu sempre falo sobre como admiro a maneira como eles jogaram. E ser colocado nessa categoria é uma bênção. É muito trabalho duro nisso. Tenho muito respeito por eles e seu apoio. E eles nem sabem como me impactaram durante meu tempo aqui. É um eufemismo para dizer o quanto eu os aprecio. E eles me guiaram de maneiras que eles nem imaginam“, disse.

Entre os especialistas, há o debate se a posição de quarterback é a mais importante e difícil de ser executada entre todos os esportes coletivos. Ele é o responsável por fazer todos os lançamentos ofensivos e organizar taticamente as suas equipes. Trazendo para o futebol que os brasileiros praticam, é como se fosse o camisa 10 do time.

Mas só esse camisa 10 poderia dar passes e seus companheiros seriam limitados a apenas acatar as decisões. Tamanha importância traz uma obviedade: é uma função que exige liderança e muita inteligência. Algo que foi negado a atletas negros durante décadas devido ao racismo estrutural norte-americano.

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O racismo estrutural que persiste até os dias atuais acredita que os negros, apesar de evoluídos fisicamente, não conseguem ser tão intelectualmente desenvolvidos para exercer a função mais importante do futebol americano. Em outras palavras, “não pensam como os brancos”, uma frase que se popularizou negativamente nos Estados Unidos. Assim, a preferência sempre foi por usá-los em posições de defesa ou de corrida, por exigir mais força e velocidade. Inteligência? Privilégio.