Irmãs são perseguidas dentro de loja e têm bolsas revistadas por PMs: “Não tenho dúvida que foi racismo”

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Duas irmãs negras registraram boletim de ocorrência após serem perseguidas dentro de uma das lojas Marisa, no Centro de Aracajú, em Sergipe. Elas relatam terem sido abordadas na frente de outros clientes pela Polícia Militar de Sergipe (PMSE), que as obrigou a mostrarem todos os pertences que carregavam dentro das bolsas.

Simone Mattos, de 38 anos, declara que ela e a irmã, Mônica Mattos, 46, foram vítimas de uma abordagem racista: “Se fosse uma pessoa branca isso não teria acontecido. Foi um constrangimento porque todo mundo viu a hora em que os policiais nos abordaram e nos levaram até a salinha”.

As irmãs acusam a loja de reincidência no caso de racismo contra elas – Foto: Reprodução/Redes sociais

“Eles pediram que abrissem a bolsa e jogamos tudo no chão, aí eles viram que não tinha nada e chamou o sub-gerente”, acrescentou.

Em seguida, as irmãs acionaram chefe de Simone, que é advogado e segue acompanhando o caso em defesa das vítimas. Giordano Silva conta que ao chegar no local buscou informações através dos funcionários, os quais não revelaram a identidade do gerente da loja e nem da pessoa que acionou a Polícia.

“O procedimento foi erradíssimo, não é para a polícia militar fazer essa abordagem. O procedimento deveria ter sido feito por um funcionário da loja, pedindo para colocar o que teria sido pego da loja, para evitar problema. Como elas não pegaram nada, não ia ter nada, mas chamar a polícia por mera desconfiança e fazer duas pessoas simples passarem por esse constrangimento todo é errado”, afirmou o advogado das vítimas.

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A queixa registrada pelas irmãs na 2ª Delegacia Metropolitana de Aracajú foi relatada como uma ocorrência de “constrangimento ilegal” praticada pela loja e pelos PMs. O caso será investigado pelo Departamento de Atendimento aos Grupos Vulneráveis (DAGV), segundo a Polícia Civil.

A defesa, no entanto, afirmou que junto do processo por danos morais, será aberta uma nova pasta para averiguar a questão do racismo presente na forma como as irmãs foram abordadas. O caso será analisado pela Comissão de Igualdade Racial da OAB-SE.

“Eu quero justiça, que resolvam esse problema. A gente nunca acha que isso vai acontecer com a gente. É triste, é humilhante”, contou Simone.

A vítima ainda mencionou sua cunhada, que gravou toda a operação. “Graças a Deus minha cunhada teve ideia de fazer o vídeo, porque seria a palavra deles contra a nossa”.

Em nota enviada ao Notícia Preta, a assessoria de comunicação da Marisa informou que a Marisa “reforça que nenhuma atitude discriminatória reflete o posicionamento da empresa. A Companhia não compactua com qualquer discurso de ódio ou exclusão e tem compromisso com a igualdade e respeito a todos. Atitudes como esta não são aceitas, o caso já está sendo investigado internamente e medidas necessárias serão adotadas. A marca pede desculpas pelos fatos relatados, tendo em vista que repudia toda forma de desrespeito.”

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