O racismo é um crime inafiançável no Brasil, mas por diversas vezes passa por injúria ou outras tipificações no Código Penal. Porém, o racismo vai muito além de um ato discriminatório ou um número na legislação brasileira. Ele é fonte de inúmeras doenças psicossomáticas, tornando as pessoas negras mais suscetíveis à inflamações, aumentando os riscos de problemas crônicos ao longo do tempo, segundo uma pesquisa da universidade do Sul da Califórnia, nos Estados Unidos.
De acordo com o estudo, divulgado em abril deste ano, foram reunidos 71 indivíduos, sendo 48 negrxs e 23 brancos, com idade média de 53 anos e, antes das análises laboratoriais, todos responderam a um questionário para determinar situações em que já haviam sofrido preconceito. Ainda segundo a pesquisa, 37 participantes eram soropositivos, o que permitiu diferenciar o que era causado pelo racismo e o que seria provocado por uma infecção, como o HIV.
Após essa primeira etapa, células dos voluntários foram extraídas e medidas as moléculas inflamatórias e virais que já estavam presentes. A partir daí, os cientistas analisaram e foram encontradas maiores taxas de inflamação nos afro-americanos do que nas pessoas brancas, revelando que o preconceito racial está diretamente relacionado a mais de 50% dessa diferença, inclusive entre os portadores do HIV.
O nível socioeconômico não influencia
A renda familiar dos brasileiros, no ano de 2018, foi de R$ 1373,00, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ou seja, a pobreza também desencadearia processos inflamatórios nos brasileiros. No entanto, os cientistas convidaram voluntários norte americanos, com uma renda per capita muito acima da média brasileira, e que teriam o mesmo perfil socioeconômico para os estudos. Mesmo com essa padronização, os cientistas encontraram resultados discrepantes entre negros e brancos. De acordo com a psicóloga April Thames, o racismo é um problema adicional para o corpo humano. “Discriminação racial é um tipo diferente de estressor crônico em relação à pobreza”, afirmou.
De acordo com a especialista, a situação financeira é uma influência individual, mas nem sempre é relevante, uma vez que a vítima não tem controle sobre a discriminação. “Quando se trata da discriminação, você nem sempre percebe que está ocorrendo. E não consegue mudar a sua cor de pele” acrescentou.
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