Estúdio Esù, do Cariri, no interior do Ceará, oferece comunicação plural e decolonial para empresas

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“Exú é movimento, força e criatividade”. É esse significado que José Márcio quis trazer para o Estúdio Esú, do qual é fundador e diretor. O estúdio, situado no Cariri, no estado do Ceará, possui vertente multidisciplinar, ou seja, atua com a comunicação de diversas formas, como design, marketing, publicidade, branding e arte visual. Contudo, a proposta desse estúdio é trabalhar a comunicação plural, marginal, decolonial e da margem para a margem.

Equipe do Estúdio Esú – Foto: Arquivo Pessoal

Descentralizar a comunicação e revolucionar as formas de comunicar estão na essência do Esú, desde o início, quando seu fundador ainda cursava design de produto na Universidade Federal do Cariri. Cria de Nova Olinda, José – que se denomina empreendedor marginal -, formou o estúdio após criar uma base de clientes através de um projeto do qual era bolsista. 

“Muitas pessoas e muitos ‘eus’ também passaram por estes processos. Hoje, depois de insistir e apostar, encontrei a veia do negócio. Após 7 anos, estamos começando. Esú mora em todas as possibilidades de fazer comunicação”, comenta José.    

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Segundo José Márcio, o Estúdio nasceu com uma metodologia que fugisse do padrão, a fim de comunicar melhor com as margens. Com o seu método muito bem delineado, ele conta que a equipe “mergulha” nas estratégias que o cliente necessita, focando na experiência do público e entendendo que ele é mais que um número. Ao fazer isso, consequentemente, os resultados do cliente são alcançados. Além disso, o trabalho do estúdio é um exemplo de como comunicar com as bases é essencial e eficaz. 

“Desde o começo foi essa experimentação de tentar encontrar um design que eu coubesse dentro… É tentar procurar em outros lugares as referências da gente. Não é encontrar um design americano que pudesse dizer sobre o Brasil. É fazer design brasileiro dentro do Brasil também”

José Márcio fundou a Esú há 7 anos – Foto: Arquivo Pessoal

Antes de ganhar o nome de Esú – que se escreve com s como um resgate da língua Iorubá -, o estúdio chamava José. Com o tempo, José, o diretor, percebeu que não cabia mais a personificação de seu nome no estúdio. Foi então que, após pesquisas, chegou ao nome Esú, há cinco meses. “Foi um encontro pessoal com as minhas raízes africanas… e diz muito do que a gente faz”, revela.  

Terreiro: vertente social do Esú 

É por acreditar que “a vida faz sentido em coletividade” que, além das atividades comuns do estúdio, Esú tem o seu próprio terreiro, um braço social. José explica que a ação busca acolher e entregar trabalhos de comunicação de graça  para Ongs, pequenos empreendedores, produtores rurais e associações, auxiliando, assim, a aumentar o faturamento destes negócios.

 “É uma forma de agradecer a esse lugar que por ventura passei, que me formou. Estar em contato com esse braço é lembrar exatamente de onde vim”. 

Apesar dos desafios logísticos, sociais e econômicos, como o diretor pontua, o estúdio com a sua proposta necessária tem ganhado projeção nacional. Para o futuro, José espera que o impacto do seu estúdio seja a força para que a comunicação marginal não acabe. 

“Nós pessoas negras temos uma responsabilidade de ser ancestral em algum momento. O que estou fazendo agora é trabalhando para deixar algum caminho para quem vem depois. Para que negócios da margem possam comunicar tão bem quanto ao centro. E que empresas do centro consigam se comunicar com a margem”, finaliza. 

Laura Abreu

Laura Abreu

Laura Abreu é jornalista recém-formada pela universidade pública e, atualmente, trabalha como redatora. Durante a graduação e início da carreira, passou por veículo de comunicação regional e se envolveu com projetos de comunicação voluntários.

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