Universidades Federais registram menor número de matrículas desde 1990, aponta estudo

image_processing20200201-29235-1hsszi3.jpg

Os recentes cortes nas verbas para as Universidades Federais brasileiras gerou um fenômeno de redução nas matrículas nas instituições nos últimos dois anos. Segundo dados do Censo Educação do Ensino Superior, publicado no final de maio deste ano, o número de estudantes que ingressaram no ensino superior em universidades públicas diminuiu de 1,3 milhão para 1,2 milhão entre os anos de 2019 e 2020.

A Universidade Federal de Minas Gerais foi uma das que tiveram cortes significativos no orçamento – Foto: Reprodução/UFMG

Outro fator apontado pelo Censo foi a quantidade de trancamentos de matrículas, 270 mil alunos suspenderam seus estudos por tempo indeterminado, no mesmo período, segundo um levantamento realizado pelo Jornal O Globo. De acordo com a pesquisa, entre 2019 e 2020, as instituições federais recebera R$ 5,7 bilhões em investimentos, enquanto no ano de 2011, foram R$ 11 bilhões destinados às Universidades.

Segundo Jade Beatriz, presidente da União Nacional dos Estudantes Secundaristas (Ubes), os cortes nas verbas impactam diretamente a vida acadêmica dos estudantes em situação de vulnerabilidade. “As pessoas não conseguem custear transporte, alimentação. Tenho amigas que não tinham condições de manter os estudos e o sustento da casa, com irmãos mais novos e esses cortes afetam diretamente essas pessoas. Com o bloqueio de 14,5%, como é o proposto pelo Governo federal, a situação fica ainda pior. Parece pouco, mas esse percentual corresponde a bilhões de Reais que deixarão de ser destinados à educação do ensino superior. Isso atinge diretamente todos os campos no Brasil, principalmente os estudantes”, alerta.

Leia também: 10 mil PMs da reserva do Rio terão direito a armas cedidas pelo Estado

Jade lembra ainda que vários estudantes de baixa renda abrem mão dos estudos para se manterem no mercado de trabalho. “Presenciei muitas pessoas que tiveram que abrir mão dos estudos para sobreviver. É uma situação que precisamos bater de todas as formas possíveis, defendendo a educação e mantendo uma mobilização permanente nas ruas, nas redes e, principalmente, dentro das instituições, contra qualquer desmonte ou retrocesso”, afirma.

Jade Beatriz lembra que muitos alunos precisam abrir mão dos estudos para trabalhar – Foto: Karla Boughoff

Verbas encurtadas, serviços precários

A redução dos investimentos na saúde afetou diretamente alguns serviços prestados pelas instituições e, por conta disso, as direções tiveram que remanejar verbas de alguns serviços para cobrir outros, como é o caso do auxílio permanência, que engloba custos dos estudantes com transporte, alimentação e moradia.

Entre os anos de 2019 e 2020, este valor caiu de R$ 213 milhões para R$ 197 milhões, sendo considerado o menor valor desde 2015. Os estudantes beneficiários deste apoio social despencou de 311 mil para 233 mil, o menor número desde 2014. Além disso, a Associação brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes) destaca que as universidades federais registraram queda de 18,8% no número de estudantes que conseguiram completar a graduação no mesmo período.

O outro lado

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pelo Censo, afirma que as instituições privadas tiveram um aumento de estudantes, chegando a 86% de todas as novas matrículas no ensino superior, no ano de 2020.

Outro dado disponibilizado pelo Censo é que 54,3% das matriculas no ano de 2020 foram realizadas em cursos à distância, com mais de 2 milhões de estudantes na modalidade, enquanto 1,7 milhão foram matriculados no ensino presencial.

Igor Rocha

Igor Rocha

Igor Rocha é jornalista, nascido e criado no Cantinho do Céu, com ampla experiência em assessoria de comunicação, produtor de conteúdo e social media.

Deixe uma resposta

scroll to top