O ator Lázaro Ramos comentou sobre as críticas que ele e sua esposa, a atriz Taís Araújo, tem sofrido de integrantes do Governo Bolsonaro (o ex-secretário de Cultura Mário Frias e o presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo). Ele falou sobre o assunto durante entrevista ao programa “Roda Vida”, da TV Cultura, na última segunda-feira (11). A polêmica teve início durante coletiva de imprensa do filme “Medida Provisória”, realizada no último domingo (10) quando Taís afirmou que “os últimos quatro anos de governo Bolsonaro não foram só difíceis, foram infernais, um pesadelo, em que a gente andou pra trás a galope.”
Por sua vez, Lázaro disse que o motivo dos ataques é para desviar a atenção do que realmente interessa no debate. “Isso é campanha política que estão fazendo em cima de nós, que temos relevância, temos público, tirando foco dos problemas do governo. É uma cortina de fumaça. Isso não tem nada a ver com a gente. É pras pessoas não debaterem sobre o preço da gasolina, dos alimentos. É para as pessoas não debaterem a crueldade e a falta de valor à vida com a que a pandemia foi tratada. É pra isso. Isso é uma tentativa que eles fazem há muito tempo. Mas cada um luta com as armas que tem. Eu acredito muito nas armas que a gente está lutando, que é ser ético, correto, respeitoso, trabalhador. É isso que a gente tem a oferecer pro mundo. Quem vai atrás deles, só lamento”, disse Lázaro no programa.
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Na entrevista, Lázaro também explicou sobre o motivo do atraso do lançamento do filme. Ele revelou que um membro do governo Bolsonaro puxou um boicote ao filme: “O filme está pronto desde 2019, em 2020 nós estrearíamos e mesmo assim não conseguimos a assinatura da Ancine pra trocar a distribuidora, que distribuiria o longa no Brasil e no exterior. O que se sabe é que um membro do governo puxou boicote ao filme, sem ter assistido, dizendo que o filme foi feito para falar mal do tal Messias. Depois disso, a assinatura não vinha, depois de solicitações recorrentes. A assinatura chegou depois de a gente adiar a estreia do filme por quatro vezes, a gente depois não tinha mais desculpas pra dar porquê o filme não estava estreando. A gente teve que relatar a imprensa o que estava acontecendo. A imprensa começou a falar sobre censura através da burocracia. A assinatura chegou somente após que isso foi noticiado.”
Vale lembrar que “Medida Provisória” é o primeiro filme dirigido por Lázaro Ramos que chega aos cinemas nesta quinta-feira, dia 14 de abril. No enredo, Seu Jorge (André), Taís Araújo (Capitú), Alfred Enoch (Antonio), interpretam, respectivamente, um jornalista, uma médica e um advogado. O elenco ainda é composto pelas atrizes Adriana Esteves e Renata Sorrah, além da estreia do rapper Emicida como ator. A trama é ambientada no Brasil num distópico futuro próximo. Na trama, após um advogado pedir indenização ao Estado brasileiro pelo tempo de escravização. O governo, como reparação social, decreta uma medida provisória para enviar os negros, que chama de “cidadãos de melanina acentuada”, de volta à África.