O curta-metragem “Ímã de Geladeira” estreia nesta segunda-feira (24), às 19h, na Mostra de Cinema de Tiradentes e estará disponível no site oficial da Mostra. A obra de ficção utiliza o afro-surrealismo para discorrer sobre a violência aos corpos negros e periféricos e sua espetacularização pelos meios de comunicação de massa.
O enredo fala sobre a história de um casal preto, protagonista do filme “Ímã de Geladeira”, que não faziam ideia de que a compra apressada de um eletrodoméstico, após um curto-circuito, poderia oferecer tamanho risco. Mas só para pessoas negras.
Dirigido por Carolen Meneses e Sidjonathas Araújo, “Ímã de Geladeira” é inspirado pela filosofia afro-surrealista de que nada é mais aterrorizante para pessoas negras do que o racismo, uma ideia que ganhou visibilidade mundial com o longa-metragem “Corra!” (2017), de Jordan Peele, e no Brasil é uma aposta do cinema independente, a exemplo do curta “Egum”, de Yuri Costa.
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“Os filmes de terror convencional tendem a provocar um consenso sobre o que é aterrorizante como aquilo que ameaça as noções de uma vida racional, mundana e segura. Já os cinemas negros resgatam essa linguagem para debater como os corpos negros são os mais vulnerabilizados pelas sociedades afro-diaspóricas e para reposicioná-los como protagonistas das narrativas”, contextualiza Carolen, que, além de co-dirigir, assina o roteiro do curta.
O filme faz uma importante demarcação racial em um espaço que ainda é bastante branco e elitizado, como a maioria das mostras de cinema do Brasil. “Percebemos isso na composição dos times de curadoria e oficineiros, por exemplo, que têm baixíssima presença de profissionais negros”, detalha o co-diretor Sidjonathas.