A Polícia Civil do Amapá indiciou, nesta quinta-feira (13), um casal que mantinha dois jovens indígenas em situação de trabalho escravo e outras situações degradantes. Os jovens, com 15 e 19 anos, viviam em condições sub-humanas. O caso aconteceu na cidade de Porto Grande, a 102 quilômetros de Macapá.
Segundo o delegado Bruno Braz, que chefia a investigação, a polícia tomou conhecimento da situação quando o próprio pastor procurou o Conselho Tutelar, pedindo auxílio para que os jovens voltassem à sua casa. Segundo ele, os jovens fugiram e foram procurar abrigo em uma vizinha. Com auxílio da Fundação Nacional do Índio (Funai) e do Conselho Tutelar, os jovens foram localizados, mas disseram que o pastor passou um tempo na aldeia deles e os convenceu a irem para Porto Grande, para estudar.
Leia também: Amazonas: moradores desenterram frango em lixão para comer
“Chegando aqui, em setembro de 2021, os jovens foram obrigados a vender melancias de domingo a domingo, sem que recebessem qualquer salário, eram proibidos de manter contato com outras pessoas, passavam fome, não podiam parar nem para ir ao banheiro, dormiam em condições precárias, enquanto o pastor e sua esposa se aproveitavam da situação”, pontuou o delegado.
Ainda de acordo com o delegado, a vizinha tomou conhecimento da situação e os abrigou até a chegada da Funai. A aldeia dos jovens fica próxima ao Rio Curupi, no município de Paragominas, no Pará. O pastor negou as acusações e, segundo ele, foi pregar na aldeia e pegou afeto pelos dois indígenas. “[levou para sua casa] Para que eles pudessem ter uma vida melhor”, afirmou o pastor que não foi identificado, devido à Lei Geral de Proteção de Dados.
O casal foi indiciado por reduzir alguém à condição de trabalho análogo à escravidão e por subtração de incapazes, já que não havia autorização para retirá-los de suas aldeias.