O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) publicou um levantamento nesta sexta-feira (3), com base nos dados da Síntese de Indicadores Sociais, revelando que as desigualdades entre pessoas brancas e negras aumentou no primeiro ano de pandemia.
O estudo mostra que o rendimento médio da população negras foi de R$ 1.764, já a renda média das pessoas brancas ficou em R$ 3.056, 73,3% maior, em números absolutos. Os homens tiveram uma renda de R$ 2.608, contra R$ 2.037 das mulheres, representando uma diferença de 28,1%.
Em relação ao mercado de trabalho, 53% da força de trabalho, segundo o IBGE, é formada por pessoas negras, mas os salários são abaixo dos brancos. Além disso, o levantamento mostrou também que 64,5% do total de desempregados são pessoas pretas ou pardas. Os dados do IBGE mostram também que 67,3% dos jovens de 15 a 17 anos, estudantes brancos, tiveram acesso a computador, notebook e internet simultaneamente. Já entre os pretos e pardos, esse número cai para 46,8%.
Pandemia e saúde
O levantamento também mostrou que os negros morreram mais que os brancos durante a pandemia da Covid-19. Segundo dados do Ministério da Saúde, na faixa abaixo de 70 anos, o coronavírus tirou a vida de 57.681 homens pretos ou pardos e matou 56.942 homens brancos. “A variação do número de óbitos está relacionada ao estilo de vida individual e às condições de vida de grupos sociais. Pretos e pardos têm menor acesso a serviços de saúde e, portanto, menores condições de prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças”, afirma Leonardo Athias, analista da pesquisa do IBGE.
“A Covid-19 atingiu mais a população idosa, mais branca, mas mesmo isso não impediu que morressem mais homens pretos ou pardos, o que evidencia o menor acesso a tratamento”, conclui Athias.