O levantamento Perfil Racial da Imprensa Brasileira, realizado pelo Jornalistas & Cia, em parceria com a Universidade Zumbi dos Palmares, e divulgado nesta quarta-feira (17), mostra que apenas 20,1% dos jornalistas brasileiros se autodeclaram negros (pretos ou pardos). Já os que se autodeclaram brancos são impressionantes 77,60%, com 2,10% de amarelos e 0,20% de indígenas.
Além disso, o estudo revelou também que as mulheres, mesmo sendo maioria no país, 51,8% da população brasileira, segundo projeções da PNAD/IBGE 2019, ainda ocupam menos espaços nas redações. São 36,6% no jornalismo, bem abaixo dos 63% de homens e 0,40% não se reconhecem em nenhum dos dois gêneros. “A imprensa brasileira está longe de manter equidade com o perfil racial e de gênero da população do Brasil”, afirma o documento publicado.
Ainda de acordo com pesquisa, a análise dos resultados gerais dessas três fases permite uma afirmação inicial bastante contundente: “as redações jornalísticas brasileiras são mais brancas e masculinas do que a população brasileira e o racismo está presente na vida de praticamente todos os profissionais negros durante a sua trajetória profissional”.
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O levantamento mostrou ainda a maior dispridade entre jornalistas brancos e negros nas regiões Sul e Sudeste. No Sul do país, 93,05% dos jornalistas se autodeclaram brancos e 5,35%, negros. Já no Sudeste, 77,6% se consideram brancos e 20,35%, autodeclarados negros.
Um dado que chama a atenção é que Minas Gerais é a segunda maior população do país e, no número total de jornalistas, está atrás de Rio de Janeiro, Distrito Federal e Rio Grande do Sul. São Paulo lidera com 47,5% de jornalistas autodeclarados negros.
A pesquisa contou com a participação de 750 jornalistas, de todas as regiões do Brasil e foi realizada entre os dias 16 de setembro e 31 de outubro deste ano. Além disso, o estudo mostrou o perfil dos profissionais, que estão com idade entre 26 e 60 anos. De 26 a 35 anos − 28%; de 36 a 45 anos 25,3%; e de 46 a 60 anos 24,6%. Segundo o estudo, essas proporções não apresentam diferenças significativas na comparação dos resultados por cor/raça.
A pesquisa completa está disponível no site do Jornalistas & Cia.