Artefatos indígenas são entregues a Memorial dos Povos Indígenas, no DF

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A Polícia Federal (PF) entregou mais de 8 mil artefatos dos povos originários que estavam armazenados em um depósito da corporação desde maio de 2004, para a coleção do Memorial dos Povos Indígenas (MPI), em Brasília, na última quarta-feira (3).

Após permanecerem por mais de 17 anos guardados em caixas na Superintendência da Polícia Federal, os artefatos passarão a integrar o acervo do museu e centro cultural criado para preservar, expor e promover a pesquisa sobre a diversidade e riqueza cultural dos povos originários.

Os artefatos foram devolvidos aos verdadeiros donos – Foto: Minervino Júnior/CB

Entre os objetos entregues há exemplares de arcos, flechas, ornamentos, cocares entre outros artefatos. As peças foram produzidas por comunidades indígenas de diversas etnias e estados, como Karajás, Kayapós, Xicrim, Arara e Yanomami, e apreendidos durante a Operação Pindorama, que pretendia combater o contrabando internacional da mercadoria. “É uma alegria. Representamos nossos parentes, que são guerreiros. Isso é cultura indígena; são nossos pertences e nosso futuro. O material não poderia ser destruído, pois estragaria parte da nossa memória. Isso é uma herança. Um dia, meus netos verão (o acervo)”, afirmou o cacique Francisco Filho Guajajara, em entrevista ao Correio Braziliense.

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Os artefatos indígenas corriam o risco de ser incinerado, mas o procedimento foi cancelado depois de um pedido de salva-guarda da Secretaria de Cultura do Distrito Federal. A expectativa da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal (Secec), responsável pelo museu, é reabrir o Memorial dos Povos Indígenas – temporariamente fechado para reforma – até o próximo dia 15.

De acordo com Aline Ferrari, gerente de acervos da Subsecretaria do Patrimônio Cultural, o objetivo é inaugurar o MPI com os artefatos, porém o material doado ainda precisa passar por processo de análise. “Apesar do tempo, há peças muito bem conservadas. Elas estavam em caixas de isopor lacradas e, assim, não sofreram com a ação do sol e da poeira”, disse ela em nota do governo do Distrito Federal.

Operação Pindorama

A operação foi deflagrada em 15 de maio de 2003, para desarticular uma quadrilha internacional de contrabando de artefatos indígenas. Os crimes ocorreram entre 1998 e 2002. Os artefatos eram comprados dos produtores por valores irrisórios e repassados para os compradores por preços exorbitantes, segundo o agente da PF Antonio Marques Pereira.

Peças como arcos, flechas e lanças, além de adereços como braçadeiras e pulseiras de diversas comunidades – Kayapó, Karajás, Xicrim, Arara e Yanomami – eram encomendadas de um grupo de servidores da Fundação Nacional do Índio (Funai), de maneira ilícita e diretamente com as etnias indígenas, para então serem destinadas à Europa e aos Estados Unidos.

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