Uma pesquisa realizada pela associação SOS Racismo revela que 45% das agências de trabalho temporário na França, todas do setor da construção, concordam em discriminar os trabalhadores estrangeiros ou “do tipo não europeu”.
A pesquisa foi realizado em maio de 2021, com 70 agências de trabalho temporário na região parisiense. Elas representam € 19 bilhões em faturamento.
Todas as ligações foram feitas em menos de uma semana, para evitar suspeitas. A cada vez, o mesmo cenário: um dos integrantes da equipe de testes se faz passar por um auxiliar de uma construtora fictícia e afirma ter recebido instruções de seu chefe. Pede para recrutar apenas trabalhadores do “tipo europeu”.
“Vou fingir que não ouvi nada, mas anoto”
Nas respostas das agências de trabalho temporário, registadas pela associação SOS Racismo, foram registradas as seguintes respostas: “Vou fingir que não ouvi nada, mas anoto”, “Anotei o seu pedido, mas não me escreva”, “se não houver comprovação desse tipo de pedido, podemos fazer o que for necessário ”. No total, quase uma em cada duas agências de trabalho interrogadas aceitou a solicitação discriminatória.
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“Não tentámos forçá-los à discriminação. Se nos dissessem que não, acabou por aí”, garante Marie Mescam, chefe do departamento jurídico da SOS Racismo. “Podemos aprovar leis, elas não são realmente aplicadas. Embora não sejam leis vinculativas.”
Entre os grupos interrogados, algumas surpresas como a Adecco, recentemente fichada por “discriminação étnica”, e que desta vez obteve uma excelente classificação: nenhuma de suas agências foi questionada por este tipo de crime, ao contrário de outras marcas como Proman, Ergalis ou Morgan Service. Mais de 60% das agências destas marcas concordaram em discriminar.
Por sua vez, a SOS Racismo defende medidas como a proibição da gestão empresarial durante dez anos para os empregadores condenados por discriminação, e a obrigação de formação para todos os trabalhadores temporários.
A associação também deseja desafiar os candidatos às eleições presidenciais na Franàa sobre essas questões, pouco presentes no debate público, segundo ela.
Fonte: RFI