Fonte: UOL
Nos primeiros cinco meses deste ano, o Ministério da Educação gastou mais de R$ 1,6 milhão com campanhas publicitárias. Entre os temas abordados, nenhum refere-se a volta às aulas presenciais ou fala sobre os desafios para a educação durante a pandemia do coronavírus.
Nas propagandas de janeiro a maio deste ano, o MEC usou mais de R$ 845 mil com produção e mídia para divulgar as alterações do Novo Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação), segundo informações segundo obtidas pelo UOL via Lei de Acesso à Informação.
Especialistas questionam, entretanto, o fato de não ter tido o mesmo esforço do MEC para corrigir os erros nas transferências do fundo nos primeiros meses do ano. De acordo com reportagem da Folha de S. Paulo, o governo errou o repasse em 1,6 milhão de matrículas e não explicou até o momento quais nem quantos foram os municípios afetados.
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“O MEC bate na tecla de que as escolas precisam abrir, mas nem fez campanhas consolidadas para explicar para as famílias porque as escolas precisam abrir, o que aconteceu durante o último ano nas escolas e a importância de manter os estudos mesmo no ensino remoto“, disse Catarina de Almeida Santos, professora da UnB (Universidade de Brasília) e dirigente da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, em entrevista à Folha de São Paulo.
Em 2020, o MEC gastou mais de R$ 11 milhões com publicidade. Os principais gastos foram com o Enem 2020 —quase R$ 2,5 milhões— e com o Grapho game, um aplicativo de alfabetização, com o qual gastou quase R$ 1,5 milhão.
“Esses dados mostram um retrato do que o MEC tem feito, ou seja, nada. Quando vão falar em eventos ou nas comissões de educação, falam de programas antigos, como se fosse possível aplicar projetos passados em uma realidade diferente da que as escolas e alunos vivem hoje“, explicou Catarina de Almeida Santos.
Em nota, o MEC informou que usa campanhas custeadas pelo orçamento de 2020, “estrategicamente exibidas em períodos específicos”, para tratar o tema da educação na pandemia. “As principais peças publicitárias (filmes e spots), de ambas as campanhas, foram orçadas para um período de veiculação/utilização de 12 meses a contar da primeira veiculação”, informou.