Os selos mais claros são mais valorizados que os mais “retintos” e gerou manifestações contra a empresa
O serviço de Correios da Espanha interrompeu a venda do “Selo da Igualdade ”, lançado há três dias com a intenção de refletir sobre a desigualdade racial e combate ao racismo. A ação, porém, provocou uma sensação contrária, propagando o racismo através dos valores diferenciados dos selos. O selo da igualdade foi lançado em comemoração ao Mês Europeu da Diversidade, na data em que se lembrava um ano da morte de George Floyd.
Os selos tinham quatro cores diferentes, representando tons de pele. O selo mais claro custava € 1,60 euros, o equivalente a R$10,20, já o mais escuro tinha o preço de €0,70 euros, na nossa moeda representa o valor de R$4,45. A campanha, que contou com a participação do rapper espanhol El Chojin, foi divulgada nas redes sociais e dizia que o valor de uma pessoa não deve ter cor, e que quanto mais escura fosse a cor dos selos, menos valor teria. A ação termina dizendo que a intenção é refletir sobre uma realidade injusta e dolorosa que não deveria existir.
O presidente do Conselho para Eliminação da Discriminação Racial ou Étnica, Antumi Toasijé, postou em sua rede que “o duplo sentido e a ironia não ajuda no combate contra o racismo termina sugerindo que a campanha seja retirada do ar“, escreveu. O jornalista Moha Gerehou também manifestou a sua crítica quanto a campanha do selo da igualdade e se mostrou incomodado com o valor diferente dos selos. “O que se transmite e o que resta é uma enorme contradição: uma campanha que, para mostrar o igual valor das nossas vidas, põe em circulação selos com um valor desigual consoante a cor. A mensagem é um desastre absoluto. É racista. Não há muito mais a acrescentar”, alertou.
Em entrevista à CNN, um porta-voz dos Correios disse que não faria comentário sobre o episódio e que a retirada do selo da igualdade não foi totalmente uma reação as críticas recebidas. E ressaltou que o Correios é uma empresa antirracista.