A necessidade de uma maior institucionalização do movimento da diáspora africana no Brasil foi defendida publicamente pelo presidente da Fundação Cultural Palmares, João Jorge Rodrigues. A fala ocorreu durante sua participação no 9º Congresso Pan-Africano, realizado em Lomé, capital do Togo, conforme informações apuradas. O Brasil foi o convidado de honra do evento, que reuniu países africanos e representantes da diáspora, e enviou uma delegação com número recorde de integrantes.
Representando o governo brasileiro e a ministra da Cultura, Margareth Menezes, Rodrigues afirmou em seu discurso na quinta-feira (11) que existe uma relação de mútuo apoio. “Nós precisamos ajudar a África a se desenvolver, mas o continente também pode ajudar a desenvolver a diáspora africana. Desenvolver com fé, com energia e com aquilo que somos especialistas, a criatividade cultural”, disse.

Ele listou como pilares para esse fortalecimento a língua portuguesa como elo, o estabelecimento de alianças regionais, a criação de uma representação da União Africana no Brasil para dar um caráter multilateral à entidade, e a realização de uma bienal de cultura e artes da diáspora. O presidente da Palmares também destacou a questão religiosa, afirmando que “as religiões de matrizes africanas são violadas todos os dias por aqueles que governam países diferentes”.
Integrante da comitiva brasileira, o militante do movimento negro Hélio Santos avaliou, durante os debates do congresso, que o evento avança na construção de uma “constitucionalidade” comum entre os povos da diáspora. Ele descreveu esse esforço como um passo simbólico em direção ao que chamou de uma espécie de ONU Negra.
O evento, que se encerrou nesta sexta-feira (12), teve como temas centrais a justiça reparatória no combate ao racismo, a renovação do pan-africanismo, a busca por maior protagonismo da África no cenário internacional, a reforma de instituições multilaterais e a restituição de bens culturais africanos. Na abertura, o ex-presidente e atual chefe do conselho de ministros do Togo, Faure Essozimna Gnassingbé, declarou: “A África já não é periférica, já não é silenciosa, é jovem, forte, aberta ao mundo e determinada a não ser mais moldada por outros”.
A programação contou ainda com manifestações culturais. Na quinta-feira, sacerdotes, sacerdotisas e praticantes de religiões de matriz africana vindos do Brasil realizaram apresentações de cantos, danças e rituais tradicionais. A delegação brasileira, composta por mais de cem pessoas, também apresentou no Togo os resultados de uma conferência sobre a diáspora africana nas Américas, que havia sido realizada em Salvador, no mês de agosto.
Leia mais notícias por aqui: Porto Alegre registra aumento da população negra, mas desigualdades em saúde e violência persistem









