68% das mulheres vitímas de femínicidio são negras, aponta estudo

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Cresceu em 176% registros de casos de mortes de mulheres por femícidio no Brasil desde da promulgação da Lei do Femícidio, registrando 1.455 mulheres mortas em 2024.

Pesquisa “Quem são as mulheres que o Brasil não protege?” revela que 68% das vítimas de femícidio no país são mulheres negras. O estudo também ressalta que a morte de mulheres brancas pelo gênero apresentou um leve declínio, enquanto a de mulheres pretas e pardas aumentou.

No ano passado, 1.455 mulheres foram mortas por serem mulheres, o que representa um crescimento de 176% desde 2015, ano que a Lei do Feminicídio foi instaurada no país.

68% das vítimas de femícidio no país são mulheres negras – Foto: Freepik

A especialista em gênero Jackeline Ferreira Romio da Fundação Friedrich Ebert, que realizou a pesquisa, ressaltou que os números mostram a necessidade de políticas para contenção da violência contra as mulheres levem em conta raça e classe

“Existem populações que estão muito vulnerabilizadas e sofrem de violências múltiplas, e isso impacta em eventos extremos, como a mortalidade por feminicídio. Para que essa política chegue às mulheres negras, ela precisa ser interseccional, considerar a relação entre o racismo e a violência de gênero. Se não tivesse o racismo institucional, a gente não ia ver essa concentração de 70%.” explicou a especialista

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Em apresentação da pesquisa na Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher em parceria com a Secretaria da Mulher da Câmara realizado no dia 26 de novembro, Jackeline também ressaltou que os números apresentados na pesquisa podem ser subestimados, pela falta de investigação em toda morte violenta envolvendo mulheres. Segundo a especialista, os dados mostram que 3.500 a 4.000 mulheres por causas violentas no Brasil todos os anos, desse número 2.500 são definidas como vítimas de femínicidio.

“No Brasil a gente tem uma epidemia de feminicídios, porque quando vai cruzar com os dados da saúde, que são maiores, chega a dar 10 por cada 100 mil mulheres, e isso é quando se começa a registrar uma epidemia.” diz Jackeline.

Layla Silva

Layla Silva

Layla Silva é jornalista e mineira que vive no Rio de Janeiro. Experiência como podcaster, produtora de conteúdo e redação. Acredita no papel fundamental da mídia na desconstrução de estereótipos estruturais.

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