Cobertura jornalística do Notícia Preta sobre chacina no Complexo da Penha é destaque na mídia internacional

3e6dd36f-1a69-4a11-95cd-c45be97ce5c8.jpeg

Foto: André Gomes de Melo

A cobertura realizada pelo Notícia Preta durante a operação policial mais letal da história do Rio de Janeiro, que deixou 121 pessoas mortas no Complexo da Penha, ganhou destaque na LatAm Journalism Review, publicação trilingue do Knight Center for Journalism in the Americas, referência continental em debates sobre liberdade de imprensa, violência estatal e revolução digital no jornalismo.

A revista, publicada em inglês, espanhol e português, entrevistou a jornalista e fundadora do NP, Thais Bernardes, que relatou os desafios de apurar e narrar, em tempo real, uma tragédia marcada pela tensão, pela mobilização comunitária e pela ausência de informações oficiais consistentes.

Cobertura do Notícia Preta na chacina da Penha ganha destaque internacional na LatAm Journalism Review pela abordagem ética e comunitária. Foto: André Gomes de Melo

Segundo Bernardes, o foco do NP durante a cobertura foi “mostrar a organização e a resistência da comunidade, prestar serviço e apoiar os moradores”. O veículo registrou, por exemplo, o trabalho de uma igreja que acolheu pessoas em desespero, além de orientar famílias em busca de informações sobre seus parentes. “Estar ali exigiu de mim clareza social, maturidade profissional e responsabilidade para narrar um acontecimento tão duro sem perder a humanidade”, afirmou Thais.

A cobertura foi realizada ao lado do fotojornalista André Gomes de Melo, marido de Thais e um fotojornalista premiado. O olhar de André foi determinante para que o Notícia Preta entregasse um material ético, respeitoso e rigoroso. “Com 20 anos de profissão e 7 anos à frente do NP, ver meu trabalho reconhecido internacionalmente confirma algo que sempre soube: competência e compromisso com a verdade constroem trajetórias”, disse a jornalista.

LEIA TAMBÉM: STF suspende investigação contra parentes que resgataram corpos após operação no Alemão e na Penha

A matéria também traz um pingue-pongue com Thais sobre o papel do jornalismo comunitário em coberturas de violência de Estado. Ela destaca a importância de uma abordagem humanizada, a preocupação em retratar vítimas sem sensacionalismo, o desafio de trabalhar com dados divergentes entre governo e moradores, e a necessidade de afirmar o direito à vida, de moradores, jovens, trabalhadores e também de policiais expostos à mesma lógica de violência.

Para Thais, a operação expôs tanto a brutalidade do Estado quanto a urgência de fortalecer a mídia independente: “As pessoas viram verdade no que estávamos fazendo. Confiaram porque a gente estava ali, no campo. E isso faz toda a diferença.

Deixe uma resposta

scroll to top