Com 1.530 resgatados, “lista suja” do trabalho escravo ganha 159 novos nomes

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Um total de 159 empregadores passou a integrar o cadastro público de autores de trabalho análogo à escravidão, conhecido como “lista suja”, após atualização divulgada pelo Ministério do Trabalho. Desse total, 101 são pessoas físicas e 58 são empresas, representando um acréscimo de 20% de nomes em relação ao registro anterior. As fiscalizações que resultaram nessas inclusões permitiram o resgate de 1.530 trabalhadores.

As atividades econômicas que mais tiveram empregadores incluídos foram a criação de bovinos para corte (20), serviços domésticos (15), cultivo de café (9), extração e britamento de pedras (9), construção de edifícios (8) e produção de carvão vegetal (7). Cerca de 16% dos casos são de atividades urbanas. No total, essas novas inclusões resultaram no resgate de 1.530 trabalhadores.

Entre os nomes adicionados à lista está uma empresa terceirizada contratada pela JBS Aves, alvo de uma operação federal no ano passado no Rio Grande do Sul, onde dez trabalhadores foram resgatados. Outra empresa listada é a Yellow Stripe, que prestou serviço para a T4F, organizadora do Festival Lollapalooza Brasil. Em 2023, cinco trabalhadores relataram ser obrigados a dormir em um local improvisado com colchonetes e papelão, situação considerada análoga à escravidão pelos auditores. Após a autuação, a T4F rescindiu o contrato com a terceirizada.

No total, essas novas inclusões resultaram no resgate de 1.530 trabalhadores. A lista inclui empresas conhecidas – Foto: Divulgação/Minsitério do Trabalho

Os casos desta atualização, ocorridos entre 2020 e 2025, abrangem 22 unidades da Federação. Minas Gerais lidera com 33 empregadores incluídos, seguido por São Paulo (19) e Mato Grosso do Sul (13). A atualização também removeu 184 nomes que completaram dois anos no cadastro.

A “lista suja” é um documento público divulgado semestralmente pelo Ministério do Trabalho. Os nomes só são incluídos após a conclusão do processo administrativo, com decisão definitiva. Normalmente, cada nome permanece na lista por dois anos, mas uma portaria de 2024 criou novas regras. Agora, empregadores podem assinar um termo de ajustamento de conduta, comprometendo-se a indenizar as vítimas com ao menos 20 salários mínimos e a investir em programas de apoio, sendo transferidos para outro cadastro.

Criada em 2004, a lista enfrentou suspensões durante os governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro, até que o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou sua constitucionalidade. O Grupo Especial de Fiscalização Móvel (GEFM), responsável pelas operações, completou 30 anos em 2025. Desde sua criação, em 1995, mais de 68 mil trabalhadores foram resgatados e mais de R$ 156 milhões em verbas trabalhistas foram assegurados.

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Thayan Mina

Thayan Mina

Thayan Mina, graduando em jornalismo pela UERJ, é músico e sambista.

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