Luiza Mahin e Dandara dos Palmares são destacadas por pesquisadores da Unesp

Luiza Mahin e Dandara dos Palmares: símbolos da resistência negra no Brasil, mesmo sem registros fotográficos, suas histórias seguem vivas na memória coletiva.

Pesquisas recentes apresentadas na Universidade Estadual Paulista (Unesp) reacenderam o debate em torno de duas das figuras mais emblemáticas da luta contra a escravidão no Brasil: Luiza Mahin e Dandara dos Palmares. Ambas foram inscritas em 2019 no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, símbolo de reconhecimento oficial às personalidades que marcaram a história nacional.

No caso de Luiza Mahin, durante muito tempo pairaram dúvidas sobre sua existência. A narrativa mais difundida vinha de relatos de seu filho, o poeta e abolicionista Luís Gama, que a descrevia como uma africana livre, de origem nagô, envolvida nas revoltas da Bahia no século XIX. Porém, novas pesquisas encontraram registros documentais que a identificam como uma “cativa nagô” em Salvador. Essa descoberta não diminui, mas amplia o entendimento de sua trajetória, colocando-a como mulher escravizada que, ainda assim, exerceu papel ativo nas lutas negras de sua época.

Embora não existam registros fotográficos de Luiza Mahin e Dandara dos Palmares, sua memória atravessa séculos como símbolos da resistência negra no Brasil. A ausência de imagens dessas mulheres não é apenas fruto do tempo em que viveram — Dandara no século XVII, antes mesmo da invenção da fotografia, e Luiza Mahin no início do século XIX, quando a técnica ainda era restrita às elites —, mas também reflexo do apagamento histórico imposto às pessoas negras | Simulação de imagem Luiza Mahin e Dandara dos Palmares / Foto: Criação a partir de comandos para IA

Dandara dos Palmares, companheira de Zumbi e liderança no Quilombo dos Palmares, permanece envolta em debates. Diferentemente de Mahin, sua presença histórica não é documentada em registros oficiais da época. A memória de Dandara foi construída sobretudo por meio da tradição oral, da literatura e da militância negra, tornando-se referência de coragem e organização quilombola. Pesquisadores destacam que essa ausência de fontes escritas não apaga sua relevância: pelo contrário, mostra como a história oficial invisibilizou mulheres negras, mas também como elas sobreviveram na memória coletiva.

A historiadora Ana Flávia Magalhães Pinto, especialista em trajetórias negras no Brasil, enfatiza que revisitar a história dessas mulheres é essencial para compreender não apenas o passado, mas também as disputas atuais em torno da memória, do reconhecimento e da representatividade. O pesquisador Flávio dos Santos Gomes, referência nos estudos sobre Palmares, também tem destacado como a presença de Dandara nos debates acadêmicos e culturais se tornou central para a valorização da resistência quilombola.

As novas interpretações reforçam que Luiza Mahin e Dandara representam muito mais do que personagens individuais: são símbolos da luta contra a escravidão, da construção de quilombos como espaços de liberdade e da resistência feminina negra no Brasil. Sua inscrição no Livro de Heróis e Heroínas da Pátria é um marco de reconhecimento, mas as pesquisas atuais mostram que sua importância histórica vai além da oficialidade, atravessando séculos como exemplos de resistência e dignidade.

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Jaice Balduino

Jaice Balduino

Jaice Balduino é jornalista e especialista em Comunicação Digital, com experiência em redação SEO, assessoria de imprensa e estratégias de conteúdo para setores como tecnologia, educação, beleza, impacto social e diversidade. Mineira e uma das mentoradas selecionada por Rachel Maia em 2021. Acredita no poder da colaboração e da inovação para transformar narrativas e impulsionar negócios com excelência

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