Mulheres que recebem o Bolsa Família têm menos chances de contrair Aids e de morrer em decorrência da doença. É o que revela um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em parceria com a Universidade Federal da Bahia (UFBA), publicado na revista Nature Human Behaviour. Segundo a pesquisa, o programa de transferência de renda ajudou a reduzir até 55% a mortalidade entre filhas de beneficiárias e até 43% entre as mães.
O impacto positivo se explica porque o Bolsa Família garante um mínimo de estabilidade financeira para famílias empobrecidas, o que melhora o acesso à alimentação, ao tratamento de saúde e ao acompanhamento médico. Criado em 2003, o programa atende famílias em situação de pobreza e extrema pobreza e exige contrapartidas, como manter a vacinação das crianças em dia e a frequência escolar mínima.

Foram analisados dados de 12,3 milhões de mulheres, ao longo de nove anos, cruzando registros do Cadastro Único (CadÚnico) com informações de saúde e mortalidade. Entre as filhas de beneficiárias, a incidência de Aids caiu 47% e a mortalidade 55%. No caso das mães, as reduções foram de 42% e 43%.
O estudo também mostrou que os efeitos são ainda maiores entre mulheres negras e pardas em situação de pobreza extrema. Nesse grupo, a incidência de Aids caiu 53% e a mortalidade 51%. Quando essas mulheres tinham maior nível de escolaridade, a queda foi ainda mais acentuada: 56% e 55%, respectivamente.
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Por que isso importa
De acordo com os pesquisadores, a educação ajuda a potencializar o uso do benefício, ampliando a adesão aos tratamentos e fortalecendo a autonomia das mulheres. Já entre famílias cadastradas no CadÚnico, mas que não recebiam o Bolsa Família, não houve redução nos índices da doença, o que confirma a relação direta entre o programa e os resultados de saúde.
Outras pesquisas já haviam apontado que o Bolsa Família reduziu casos de tuberculose, mortalidade infantil e problemas de saúde mental. Para especialistas, os dados reforçam que políticas de transferência de renda não só combatem a fome, mas também funcionam como ferramenta de proteção social e de saúde pública para as populações mais vulneráveis.