Povo Munduruku denuncia retorno de garimpeiros e pede ações permanentes do governo

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A Terra Indígena Munduruku, no sudoeste do Pará, voltou a registrar pressão de garimpeiros ilegais mesmo após operações de retirada realizadas em 2024. A denúncia foi feita por mais de 300 indígenas durante a V Assembleia do Movimento Munduruku Ipereğ Ayũ, que ocorreu entre 15 e 18 de setembro na aldeia Caroçal Cururu, dado em primeira mão pelo portal da Comissão Pastoral da Terra (CPT).

Segundo apuração do CPT, caciques, pajés, lideranças e famílias inteiras participaram do encontro e apresentaram uma carta às autoridades federais. O documento foi recebido por representantes dos ministérios dos Povos Indígenas, do Meio Ambiente, dos Direitos Humanos e também da Funai.

Na avaliação dos Munduruku, a ação do governo no ano passado não conseguiu conter o avanço do garimpo, já que parte dos invasores permaneceu no território e outros retornaram estimulados pelo aumento do preço do ouro. O texto relata que a equipe de fiscalização deixou a região sob a justificativa de que a primeira fase da operação havia sido concluída, o que abriu espaço para novas invasões.

A Terra Indígena Munduruku, no Pará, voltou a registrar pressão de garimpeiros ilegais mesmo após operações de retirada realizadas em 2024 – Foto: divulgação.

Os indígenas também criticaram a situação da Funai, apontada como fragilizada e sem condições de oferecer o suporte necessário. A carta menciona ainda o agravamento de problemas como insegurança alimentar, falta de assistência médica, desnutrição infantil e contaminação por mercúrio. Para eles, “as comunicações oficiais do governo sobre a desintrusão não refletem a realidade em terra”.

Entre as reivindicações estão a retomada imediata das operações, a presença contínua de órgãos fiscalizadores e a proteção de lideranças que têm sido ameaçadas. Além da retirada definitiva dos garimpeiros, os Munduruku pedem políticas públicas que ofereçam alternativas econômicas às comunidades, garantindo alimentos, água e preservação cultural.

Com 2,4 milhões de hectares e mais de 9,2 mil habitantes, a Terra Indígena Munduruku enfrenta hoje uma situação considerada urgente pelas lideranças locais, que cobram respostas efetivas do Estado brasileiro para assegurar sua sobrevivência diante da pressão do garimpo ilegal.

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Thayan Mina

Thayan Mina

Thayan Mina, graduando em jornalismo pela UERJ, é músico e sambista.

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