66,7% das pessoas ameaçadas de remoção no Brasil são negras, aponta relatório

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Rio de Janeiro está entre os estados com mais famílias sob ameaça de despejo, revela relatório Campanha Despejo Zero - Imagem gerada por IA

Mulheres negras são a face mais atingida pelas remoções forçadas no Brasil. De acordo com o novo relatório da Campanha Despejo Zero, 66,7% das mais de 2 milhões de pessoas ameaçadas de remoção em todo o país são negras, enquanto 62,6% são mulheres. O estudo foi divulgado nesta semana, em alusão aos cinco anos da campanha, que reúne mais de 175 organizações e movimentos populares, como a Habitat para a Humanidade Brasil.

Ao todo, são 2.098.948 pessoas ameaçadas de remoção forçada de suas casas, em 3.078 conflitos registrados por terra e moradia. Desse universo, 1,4 milhão são pessoas negras e 1.313.941 são mulheres, indicando como o racismo estrutural e a desigualdade de gênero se expressam de forma dramática na crise habitacional brasileira.

Rio de Janeiro está entre os estados com mais famílias sob ameaça de despejo, revela relatório Campanha Despejo Zero – Imagem gerada por IA

O último levantamento da Campanha Despejo Zero, publicado em agosto de 2024, já havia revelado cerca de 1,5 milhão de pessoas impactadas por despejos entre 2020 e 2024. Agora, os números mostram um agravamento da situação, que ocorre paralelamente a um cenário de déficit habitacional estimado em mais de 6 milhões de moradias, 3,5 milhões de pessoas desabrigadas ou desalojadas por desastres nos últimos anos e milhares vivendo em situação de rua.

Além dos dados, o relatório aponta 108 projetos de lei em tramitação no país com perfil repressivo, muitos deles alinhados à chamada Frente Invasão Zero. As propostas buscam restringir o acesso de ocupantes e sem-teto a programas sociais, concursos públicos e até mesmo o direito à defesa judicial.

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Entre os destaques, o PL 28/2024, em tramitação no Espírito Santo, autoriza remoções compulsórias sem decisão judicial. No Rio Grande do Sul, o PL 154/2023 foi aprovado, proibindo que ocupantes recebam benefícios estaduais. Já no Mato Grosso, uma lei semelhante foi considerada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal.

O relatório também denuncia o uso da mídia para estigmatizar ocupações, a criação de CPIs contra movimentos sociais e a intimidação de lideranças comunitárias. A Campanha Despejo Zero classifica o atual cenário como uma “arquitetura de guerra contra territórios populares”.

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