Sede da Faferj, símbolo da luta das favelas, entra na lista de venda do governo do Rio

Sede da Faferj, símbolo da luta das favelas, entra na lista de venda do governo do Rio

Sede da Faferj, símbolo da luta das favelas, entra na lista de venda do governo do Rio. Foto: Leonardo Coelho

A Federação das Associações de Favelas do Estado do Rio de Janeiro (Faferj), a mais antiga entidade representativa de favelas do país, pode ser despejada de sua sede histórica, localizada na Praça da República, no centro do Rio. O imóvel foi incluído pelo governador Cláudio Castro (PL) na lista de bens públicos que podem ser vendidos à iniciativa privada, por meio do Projeto de Lei Complementar 40/25, enviado à Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj).

A proposta do governo justifica a venda afirmando que os imóveis “geram mais despesas do que receitas”, mas ignora recomendações do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDH). Em 2024, a Comissão de Anistia reconheceu que a Faferj foi alvo de perseguição política durante a ditadura militar e recomendou medidas simbólicas de reparação, incluindo a garantia de um espaço para a entidade.

Sede da Faferj, símbolo da luta das favelas, entra na lista de venda do governo do Rio
Sede da Faferj, símbolo da luta das favelas, entra na lista de venda do governo do Rio. Foto: Leonardo Coelho

Fundada há 63 anos, a Faferj reúne mais de 800 associações de moradores e atua em defesa dos direitos das populações periféricas, oferecendo serviços como assessoria jurídica, acompanhamento de tarifas sociais e apoio a processos eleitorais em favelas. A entidade também é crítica à política de segurança pública do governo estadual.

O prédio atual, ocupado desde o período da redemocratização, é tombado por lei municipal desde 2023 e considerado patrimônio histórico da cidade. Ainda assim, o governo estadual afirma que a ocupação é irregular e que a entidade não formalizou o uso do espaço.

A inclusão do imóvel na lista de venda preocupa movimentos sociais e defensores de direitos humanos, que alertam para o risco de perda de um espaço simbólico para a organização comunitária e a memória histórica das favelas. A proposta será discutida na Alerj, mas ainda não há definição sobre o futuro da sede.

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Rafaela Oliveira

Rafaela Oliveira

Rafaela Vitória é graduanda em Jornalismo, nascida no Maranhão, com atuação profissional em mídias sociais e audiovisual, e interesse em narrativas sobre raça e cinema.

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