Aposentados de várias regiões do país denunciam cobranças indevidas realizadas pela empresa Sudacred. No site Reclame Aqui, que reúne queixas de consumidores, mais de duas mil reclamações foram registradas contra a empresa, sendo 338 apenas nos últimos seis meses. A maior parte dos relatos envolve descontos não autorizados, segundo a apuração do portal Itatiaia.
Apesar de não figurar entre as associações investigadas atualmente pela Polícia Federal por supostos descontos ilegais dos aposentados, a Sudacred se apresenta como uma sociedade de crédito direto, com autorização do Banco Central para oferecer empréstimos e outros serviços financeiros. Mais de 60% das queixas recebidas no Reclame Aqui mencionam cobranças não reconhecidas pelos consumidores.

Uma das entrevistadas pela reportagem, aposentada de 73 anos e moradora de Belo Horizonte, contou que, mesmo com a saúde debilitada e sem qualquer vínculo com a empresa, R$ 76,60 foram descontados mensalmente de sua aposentadoria. “Estão tirando R$ 76 todos os meses… Não autorizei ninguém a descontar”, afirmou à Itatiaia a idosa que preferiu não ser identificada.
Vivendo com R$1.518 mensais, ela relata que precisa da ajuda dos filhos para se manter. Segundo ela, os descontos cessaram após uma ida ao banco Bradesco, onde o gerente informou que a instituição não estava relacionada à cobrança.
Relatos semelhantes se acumulam na plataforma. “Percebemos no extrato da conta da minha mãe, uma senhora aposentada de 72 anos, que está sendo descontado R$ 76,60 pela Sudacred”, escreveu um usuário. Outro reclamou de um desconto de R$ 62,60 da avó de 60 anos e exigiu o reembolso.
A reportagem tentou contato com a Sudacred por e-mail e telefone ao longo de um mês, mas não obteve resposta. O Bradesco informou, em nota, que segue as normas do Banco Central sobre débitos automáticos, mas não explicou os descontos feitos pela empresa.
O Banco Central confirmou que a Sudacred está entre as instituições autorizadas. Já o INSS disse que não comenta casos sem relação com o instituto e afirmou não haver desconto no benefício. A Polícia Federal declarou que não comenta investigações em curso.
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