Obesidade e transtornos mentais vão atingir mais de 1 bilhão de adolescentes até 2030

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Até 2030, quase meio bilhão de adolescentes ao redor do mundo poderão enfrentar o sobrepeso ou a obesidade, revela o segundo relatório internacional divulgado pela comissão sobre saúde e bem-estar de adolescentes da revista científica The Lancet. O levantamento, mostra que pouco mudou em uma década. Quase 1,1 bilhão de jovens seguem expostos a problemas de saúde que poderiam ser prevenidos ou tratados, como HIV, depressão, gravidez precoce, má nutrição e lesões.

Os dados mostram um cenário crítico. Em apenas cinco anos, 464 milhões de jovens devem viver com obesidade ou sobrepeso, um salto de 143 milhões em relação a 2015. Mas o problema não para por aí. Pelo menos metade dos adolescentes entre 10 e 24 anos estará exposta a situações que comprometem sua saúde, como gravidez precoce, infecções sexualmente transmissíveis, depressão, alimentação inadequada e, em alguns casos, todas essas questões ao mesmo tempo.

O levantamento também aponta que, até o fim deste século, 1,9 bilhão de adolescentes deverão lidar com as consequências do aquecimento global, como doenças causadas por ondas de calor, insegurança alimentar e falta de acesso à água potável. A saúde mental também preocupa: 42 milhões de adolescentes podem ser afetados, dois milhões a mais do que o registrado em 2015.

O sobrepeso, em particular, vem se tornando um problema cada vez mais presente entre os jovens. América Latina, Caribe, Norte da África e Oriente Médio são algumas das regiões mais afetadas, mais de um terço da população entre 10 e 24 anos vive com excesso de peso nesses locais. No Brasil, estima-se que cerca de 15,5 milhões de pessoas entre 5 e 19 anos estejam nessa condição.

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Essa realidade fez com que o Conselho Federal de Medicina tomasse uma medida inédita: reduzir a idade mínima para a cirurgia bariátrica para 14 anos. A decisão, anunciada nesta semana, é uma tentativa de frear o avanço da obesidade ainda na adolescência, diante da crescente procura por esse tipo de intervenção nessa faixa etária.

Apesar da gravidade dos dados, o relatório chama atenção para o baixo investimento voltado à saúde dos adolescentes. Mesmo representando mais de um quarto da população mundial, esse grupo recebeu apenas 2,4% do financiamento global destinado à assistência em saúde entre 2016 e 2021. Para os especialistas envolvidos na análise, é urgente que adolescentes deixem de ser invisíveis nas políticas públicas e se tornem prioridade nas agendas globais de saúde.

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