Mundo não atinge meta de redução do trabalho infantil até 2025

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O mundo não conseguiu cumprir a meta de erradicar o trabalho infantil até 2025. De acordo com um relatório divulgado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), aproximadamente 138 milhões de crianças permaneciam em situação de trabalho infantil em 2024. Os dados indicam que, embora tenha havido avanços desde o início dos anos 2000, o ritmo de redução é considerado insuficiente.

O levantamento mostra que, nos últimos quatro anos, 22 milhões de crianças deixaram de trabalhar, mas esse número representa menos da metade do necessário para cumprir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelecidos pela ONU. A expectativa era eliminar completamente o trabalho infantil até este ano, o que não se concretizou.

A África Subsaariana continua a ter o maior número de trabalhadores menores de idade

O estudo também revela que 54 milhões de crianças atuam em atividades consideradas perigosas, aquelas que colocam em risco sua saúde, segurança e desenvolvimento. A maioria das crianças em situação de trabalho infantil, cerca de 61%, está no setor da agricultura. Outros 27% trabalham em atividades de serviços, como trabalho doméstico e vendas ambulantes, e 13% estão na indústria.

A África Subsaariana concentra os maiores índices de trabalho infantil no mundo, com aproximadamente 87 milhões de crianças nessa condição. Mesmo com uma leve queda no percentual, de 23,9% para 21,5%, o crescimento populacional da região manteve os números absolutos elevados. Países como Madagascar registram que quase metade das crianças entre 5 e 17 anos exerce algum tipo de trabalho, sendo que 32% estão em atividades classificadas como perigosas.

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O relatório também aponta que a redução dos financiamentos internacionais destinados a programas sociais contribuiu para o avanço mais lento no combate ao trabalho infantil. Cortes em recursos de países doadores, como Estados Unidos, Alemanha e Reino Unido, impactaram diretamente iniciativas de proteção social e acesso à educação em países de baixa renda.

Outro dado do relatório mostra uma diferença de gênero nesse contexto. Meninos estão mais presentes no trabalho infantil formal, enquanto meninas são maioria quando se considera o trabalho doméstico não remunerado, realizado principalmente dentro de suas próprias casas, o que muitas vezes não entra nas estatísticas oficiais.

No Brasil, a pesquisa mais recente da Fundação Abrinq aponta que 1,6 milhão de crianças e adolescentes estavam em situação de trabalho infantil em 2024. O índice representa 4,2% da população entre 5 e 17 anos. As maiores incidências estão nas regiões Norte e Nordeste, especialmente em áreas rurais, com predominância de crianças negras em atividades como agricultura familiar, comércio informal e serviços domésticos.

O relatório da OIT e do Unicef destaca que os principais fatores que alimentam o trabalho infantil no mundo são pobreza, falta de acesso à educação de qualidade, crescimento populacional, ausência de proteção social eficaz e crises econômicas ou humanitárias, como conflitos armados e desastres naturais.

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