O cineasta Souleymane Cissé, considerado “o pai do cinema africano”, faleceu aos 84 anos em Bamako, capital do Mali, na quarta-feira (19). A informação foi confirmada por sua filha, Mariam Cissé, à AFP. O cineasta foi um ícone da cinematografia africana e conhecido por sua resistência à censura e ao autoritarismo político, e de acordo com a própria filha, dedicou toda a sua vida ao seu país, ao cinema e à arte. A causa da morte não foi informada.
Nascido no Mali em 1940, Cissé sempre foi apaixonado pelo cinema. Em 1961, sua vocação se concretizou ao assistir a um documentário sobre o assassinato de Patrice Lumumba, líder político da República Democrática do Congo. Esse momento impactante marcou profundamente o cineasta e o impulsionou a seguir sua carreira cinematográfica focada na realidade africana.
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Souleymane Cissé estudou em instituições de prestígio, incluindo no Mali, Senegal e Moscou. Ao retornar ao seu país, trouxe consigo o desejo de retratar a realidade africana através do cinema. Seu primeiro filme, La Jeune Fille (1975), marcou o início de uma trajetória de resistência, abordando a difícil realidade das mulheres malianas e contando a história de uma jovem rejeitada pela família após sofrer violência sexual.
Além disso, Cissé foi o primeiro cineasta negro africano a conquistar o prêmio de longa-metragem no Festival de Cinema de Cannes, na França. Entre os vários prêmios de sua carreira, destacam-se: em 1987, o reconhecimento por Yeelen (“A Luz”), e em 2023, o Carrosse d’or por Finye (“O Vento”).
O governo do Mali informou que Cissé havia acabado de realizar uma coletiva de imprensa para apresentar dois troféus na 29ª edição do FESPACO (Festival Pan-Africano de Cinema e Televisão de Ouagadougou), que seria inaugurado no próximo fim de semana na capital de Burkina Faso.
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