Covid longa: mais de 90% dos pacientes cariocas tiveram pelo menos um sintoma da doença, diz Fiocruz

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Vacina bivalente contra Covid

Divulgada este mês, a pesquisa da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz) revelou que os pacientes não conseguem obter cuidados nos serviços de saúde

Cerca de 91,1% dos pacientes relataram, pelo menos, um sintoma de Covid longa na cidade do Rio de Janeiro. Foi o que apontou a pesquisa da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), realizada em parceria com a Escola de Saúde Pública de Harvard e a Escola de Economia e Ciências Políticas de Londres, divulgada nesta semana. Os dados foram coletados entre novembro de 2022 e abril de 2024. 

O levantamento identificou uma alta prevalência dos sintomas pós-Covid, como fadiga, mal-estar pós-exercional, dor nas articulações, alterações no sono e comprometimento cognitivo, dormência, ansiedade e depressão. Ao todo, somente 8,3% dos pacientes tiveram o diagnóstico de Covid longa. Além disso, os parcientes entrevistados também se queixaram da dificuldade de obter cuidados nos serviços de saúde do município.

Covid longa não é diagnosticada nos serviços de saúde da cidade do Rio de Janeiro /Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

Os entrevistados também indicaram dificuldade no acesso a uma clínica especializada na Covid longa ou um serviço de reabilitação. O mesmo aconteceu quando buscaram cuidados para saúde mental. Ao todo, 43,1% não conseguiram acesso. Além disso, eles relataram impactos negativos significantes em suas vidas, tais como: não poder trabalhar ou ter de reduzir as horas de trabalho, não realizar atividades da vida diária, não poder acessar os cuidados de que precisavam por meio do SUS e gastar frequentemente a renda reduzida em serviços privados e medicamentos. 

A coordenadora do projeto no Brasil, Margareth Portela, esclareceu que o estudo foi uma iniciativa internacional, interdisciplinar e com engajamento de pacientes. “O estudo buscou, especialmente, identificar as necessidades, o uso e as barreiras de acesso aos serviços de saúde. Realizamos 651 entrevistas com pacientes hospitalizados durante o quadro agudo da doença ou, em alguns casos de óbito ou dificuldade de participação direta dos pacientes, com seus representantes”, conta a pesquisadora da ENSP e coordenadora do projeto no Brasil, Margareth Portela.

O estudo revelou que aproximadamente 50% dos participantes relataram precisar de serviços de saúde para condições que apareceram ou pioram após a Covid-19 nos seis meses anteriores à entrevista. Os serviços mais necessários foram atendimento médico especializado, farmácia, cuidados ambulatoriais na atenção primária e serviços laboratoriais. 

De acordo com as autoras do estudo, estima-se que a Covid longa afete milhões de brasileiros e tenha um impacto desproporcional sobre as populações marginalizadas que já enfrentam dificuldades para ter acesso a cuidados de saúde de qualidade. 

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Bárbara Moraes

Bárbara Moraes

Formada em Jornalismo pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP) e pós graduada com foco em Marketing pela Universidade de São Paulo (USP). Possui experiência com assessoria de imprensa, produção de textos e criação para redes sociais.

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