A representante de Missão da ONU em Goma, Vivian Van Perre, considera a situação humanitária na cidade da Repúblida Democrática do Congo, crítica. Durante uma entrevista com jornalistas na última semana, a representante pontuou que os conflitos tem a ver com o que ela chama de “maldição dos recursos naturais”, como o coltan usado na fabricação de telefones celulares, além de conflitos étnicos, pobreza e tensões ainda não resolvidas do genocídio de 1994 em Ruanda.
Segundo ela, apesar da guerra ser na cidade do norte da Repúblida Democrática do Congo, concretamente em Goma, a situação pode escalar para todo o país, pois os rebeldes têm se movimentado em direção às cidades vizinhas. Ela mostrou preocupação com a situação na província de Kivu do sul na capital provincial, Bukavu, com relatos de conflitos internos contra rebeldes do M23.
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A representante também previu o fechamento do aeroporto de Kavumu, que atualmente está servindo para movimentação de civis e de ajuda humanitária na região. Segundo ela, “esse ciclo de violência não pode continuar, Monusco continuará o seu serviço de proteger a população apesar da insegurança”.
Vivian lamenta o congelamento de financiamento de projetos pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional, USAID, pois dificulta as ações da OIM e outros parceiros humanitários. Continuou dizendo que “as ações militares não resolverão o conflito“, e pediu o fim da violência e que as partes se comprometam com um diálogo político, guiado pelo Processo de Paz de Luanda.
O Processo de Paz de Luanda foi pensado como esforço conjunto de mediação e reconciliação para alcançar a paz na região leste da República Democrática do Congo (RDC). Ele havia sido reforçado pelo ministro das Relações Exteriores, Téte António, na abertura da Reunião Ministerial Virtual sobre o Papel de Angola na Mediação e Reconciliação da Resolução do Conflito na Região Leste da RDC em 15 de julho de 2024.
Vivian Van Perre, que atua como representante da Monusco (missão da ONU), diz que mais de 2 mil corpos foram encontradas nas ruas e mais de 900 estão em necrotérios hospitalares; bases da Monusco abrigam deslocados, mas tropas não podem realizar patrulhas na cidade controlada pelos rebeldes.
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