Somente 5% das condenações por desmatamento ilegal na Amazônia acabam em indenizações pagas, diz levantamento

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Das mais de 3,5 mil ações do Ministério Público Federal (MPF) sobre as condenações por desmatamento ilegal na Amazônia, o estudo do Imazon identificou que apenas 5% delas resultaram em indenizações pagas, mesmo que a quantidade de condenações tenham aumentado. O estudo foi publicado nesta sexta-feira (31).

A pesquisa acompanhou o resultado de ações civis públicas (ACPs) movidas pelo MPF entre 2017 e 2020, nas primeiras três fases do Programa Amazônia Protege. Nas condenações, as indenizações pagas são usadas não só por danos materiais e morais, mas também para determinar a recuperação da floresta. Porém o estudo também revela que não há garantia de que as multas quitadas sejam aplicadas no bioma.

As condenações aumentaram mas as indenizações pagas, não /Foto: Agência Brasil

De acordo com o levantamento, até dezembro de 2023, 2.028 ações (57% do total) tinham sentença, sendo que 695 possuiam algum tipo de responsabilização. A quantidade de condenações aumentou com relação a 2020, já que naquele ano foram 3.551 processos e 51 condenações, e em 2023 foram 3.551 ações com 695 condenações.

É positivo ver o aumento de casos procedentes para responsabilização de desmatadores e que os tribunais têm mantido entendimento favorável à condenação nessas ações que utilizam provas obtidas de forma remota, com imagens de satélite e uso de banco de dados. O desafio agora é obter o efetivo pagamento das indenizações e a recuperação das áreas que foram desmatadas”, afirma Brenda Brito, a pesquisadora do Imazon.

O levantamento ainda aponta a mudança dos valores das indenizações. Nos processos onde foi possível encontrar os valores iniciais e finais, houve redução de 34% nas indenizações por danos materiais (de R$ 11.304 para R$ 7.515 por hectare desmatado) e de 59% por danos morais coletivos (de R$ 5.616 para R$ 2.280 por hectare desmatado).

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Bárbara Souza

Bárbara Souza

Formada em Jornalismo em 2021, atualmente trabalha como Editora no jornal Notícia Preta, onde começou como colaboradora voluntária em 2022. Carioca da gema, criada no interior do Rio, acredita em uma comunicação acessível e antirracista.

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