Distribuindo comida no natal e ao longo do ano, as Cozinhas Solidárias “alimentam todas as lutas”, diz advogada

cozinhas-solidarias-mtst-foto-divulgacao-mtst00.jpg

“As cozinhas solidarias alimentam todas as lutas”. Este é o lema da organização que vai distribuir mil marmitas na semana do natal só no Rio de Janeiro. O projeto que começou em 2021 durante a pandemia da Covid-19, é uma iniciativa do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) para combater a fome naquele período, e que continuou. O Notícia Preta entrevistou a advogada Glaucia Nascimento, militante do movimento.

O programa que começou temporário virou política pública, e não entregam só comida. O projeto conta com 58 cozinhas em 14 estados e mais o Distrito Federal, e tem unidades que possuem projeto de educação, setor de saúde, música, que atuam junto nos espaços das cozinhas solidárias.

“As cozinhas solidarias alimentam todas as lutas”, é o lema da organização que vai distribuir mil marmitas na semana do natal só no Rio de Janeiro – Foto: divulgação.

As atividades durante o ano, inclusive no fim de ano, vão de acordo com o território. “A escolinha Formigueiro, que existe na cozinha solidária do Sape, a gente faz uma última ceia, e as crianças têm uma festa de Natal, o Papai Noel vai, tem toda aquela festa simbólica. Na Lapa, a gente faz uma entrega para a população em situação de rua, e aí vai depender de cada território, mas a gente faz entregas de refeições durante o ano todo. No Natal, a gente, claro, tem uma diferenciação, até do horário às vezes, mas aí depende muito de cada território”, explica.

Durante o natal temos muitas demonstrações de solidariedade e as pessoas realizam distribuições de roupas e comidas. Mas segundo ela é preciso que não só as ações de solidariedade quanto as políticas públicas existam o ano inteiro para combater a fome.

“Esse ano teve enchente no Rio Grande do Sul, teve petróleo, teve enchente na Baixada Fluminense as chuvas, e tantas outras situações infelizes, mas a fome não só acontece e não está ali apenas em situações de desastres climáticos ou de infortúnios, acidentes. A fome existe e persiste durante muitos anos”, afirma.

Para a advogada, a luta contra a fome é política. Deixar as pessoas com fome ter o poder de decidir como será tratar da fome, administrar os preços dos alimentos, abordar sobre o direito humano à alimentação adequada, que ela acredita que são decisões políticas.

“Josué de Castro falava que falta a vontade política para mobilizar recursos para combater a fome. Então, sem dúvida, a fome é um projeto político, um projeto de dominação. E a luta contra a mesma também é um ato político, é um ato revolucionário”, afirma.

Para ela, o papel da organização política, de fato, é organizar a luta contra a fome e lembrou da época da pandemia:

“A gente vê a necessidade de organizar a luta, e a gente se organizou a partir das cozinhas solidárias, a gente precisou alimentar o povo para então se organizar e combater toda a desigualdade, combater toda a discriminação, todos os absurdos que estavam acontecendo, né? Então, sem dúvida, o problema Central é a organização contra todos os absurdos que permeiam a sociedade brasileira”, concluiu.

Leia também: Primeira advogada do Brasil, Esperança Garcia é homenageada com estátua em sua cidade natal, no Piauí

Thayan Mina

Thayan Mina

Thayan Mina, graduando em jornalismo pela UERJ, é músico e sambista.

Deixe uma resposta

scroll to top