Candomblecista denuncia racismo religioso no Aeroporto de Fortaleza após exigirem retirada do turbante

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A Egbon Lindinalva Barbosa de Oyá, do Terreiro do Cobre, em Salvador (BA), denunciou nas redes sociais que foi alvo de racismo religioso no Aeroporto Internacional Pinto Martins, em Fortaleza (CE). O caso aconteceu na última segunda-feira (09), e no vídeo compartilhado pela candomblecista e pelo terreiro do qual faz parte, é relatado que funcionários do aeroporto exigiram que Lindinalva retirasse seu turbante, para embarcar.

O turbante, ou torço, é uma indumentária religiosa, e no vídeo o relato destaca o constrangimento com a situação. A religiosa, que foi para fortaleza para participar de um evento sobre religiões de matriz africana, tentava retornar para a capital baiana quando foi abordada pelos funcionários após passar pleo Raio-X, mas se recusou a retirar o turbante. Depois da situação, a baiana conseguiu embarcar.

O Terreiro do Cobe emitiu uma nota de repúdio, em nome da lyalorixá Valnízia de Ayrá e toda comunidade, afirmando que Lindinalva se “destacada atuação em defesa dos direitos humanos, especialmente das populações negras e dos povos de terreiros“, e continuou:

Exigimos respeito à Egbom Lindinalva Barbosa e a todas as pessoas que cultuam
Orixás, Inquices, Voduns, Caboclos e Encantados e que preservam uma rica herança herdada dos nossos antepassados – energia fundamental que nos diz quem somos, e nos ajuda a enfrentar todas as violências racistas e a continuarmos a contribuir com sabedoria, força e fé na construção de um mundo mais humano justo e plural
“.

Outras instituições religiosas de matriz africana, e que lutam contra o racismo, também apoiaram a Egbon Lindinalva Barbosa e pediram respeito.

O Notícia Preta entrou em contato com a assessoria de comunicação do Aeroporto Internacional de Fortaleza, que informou que a “Fraport Brasil é absolutamente contrária a qualquer espécie de constrangimento ou discriminação de qualquer tipo e zela pelo cumprimento das normas de Segurança da Aviação“, e continuou:

Esclarecemos que a passageira não foi impedida de embarcar e que todo o atendimento do aeroporto foi realizado com respeito e educação. No canal de inspeção todos os procedimentos adotados pelos Agentes de Proteção da Aviação Civil (APACs), seguiram estritamente a normativa da ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil). Informamos, no entanto, que a passageira fez registros de imagens de local proibido, se recusando a apagá-las e, por este motivo, foi abordada pela Polícia Federal para que apagasse o vídeo antes de seguir viagem“, diz a nota.

Foto de capa: Reprodução Redes Sociais /Edwirges Nogueira / Agência Brasil

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Bárbara Souza

Bárbara Souza

Formada em Jornalismo em 2021, atualmente trabalha como Editora no jornal Notícia Preta, onde começou como colaboradora voluntária em 2022. Carioca da gema, criada no interior do Rio, acredita em uma comunicação acessível e antirracista.

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