Os últimos dias foram marcados por muita calamidade na Bahia com as fortes chuvas que tem afetado o estado, sobretudo a região metropolitana da capital. A Prefeitura de Salvador iniciou nesta segunda-feira (02) a demolição de imóveis no bairro de Saramandaia, atingidos por deslizamentos de terra durante as fortes chuvas da semana passada.
A tragédia resultou em duas mortes e deixou a cidade em alerta para os riscos em áreas vulneráveis. Salvador possui atualmente 171 áreas classificadas como de risco para deslizamentos e alagamentos, conforme levantamento da Defesa Civil (Codesal) realizado entre 2016 e 2024.
Os deslizamentos em Saramandaia ocorreram em pontos não mapeados como críticos pela Codesal. Um deles foi na rua Amargosa, em Pernambués, bairro vizinho ao local do desastre. O incidente resultou no soterramento de cinco pessoas. Entre as vítimas fatais estão Gerson Alexandrino Santos Júnior, de 23 anos, encontrado nos escombros do quarto onde dormia, e Paulo Andrade, de 18 anos, localizado sem vida dois dias após o ocorrido. Outras três pessoas, incluindo o pequeno Marcelo Heitor Andrade Mesquita, de 6 anos, foram resgatadas com vida.
Em entrevista ao g1, Sosthenes Macedo, diretor-geral da Codesal, disse que a principal intervenção na região visava resolver problemas de alagamentos constantes. Ele afirmou que o deslizamento ocorreu em uma área de cobertura vegetal não identificada como prioritária no mapeamento de risco.
A Prefeitura, em parceria com a Secretaria de Infraestrutura (Seinfra) e a Superintendência de Obras Públicas de Salvador (Sucop), está elaborando um projeto para a estabilização da encosta. Enquanto isso, a área permanece interditada e as demolições seguem em andamento.
As imagens evidenciam a gravidade do problema: o volume de terra que desceu destruiu casas e colocou em risco a mobilidade urbana. Para evitar novos desastres, um estudo de solo está sendo realizado, e obras de contenção devem ser executadas em breve. Segundo nota oficial, a conclusão das intervenções na área afetada está prevista para os próximos 70 dias.
Além das ações imediatas, especialistas reforçam a necessidade de medidas estruturais para prevenir novas tragédias. Em entrevista à TV Bahia, Grace Bungenstab Alves, professora de geografia da Universidade Federal da Bahia (Ufba), destacou a importância de enfrentar a vulnerabilidade social como fator-chave para a segurança em áreas de risco.
“Se a gente não agir no problema, que é o problema da vulnerabilidade social, a gente não consegue sair ou tirar essas pessoas de uma situação de risco”, afirmou a professora.
Desde 2022, 37 obras de contenção de encostas foram realizadas na cidade, fruto de uma parceria entre o Governo do Estado e a Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder). No entanto, a tragédia em Saramandaia evidencia que o desafio ainda é grande, especialmente em locais menos monitorados ou com intervenções insuficientes.
Foto de capa: Foto: Divulgação/GOVBA
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