Ano Novo com responsabilidade: Como ser um aliado antirracista em 2025?

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Com a chegada de 2025, muitas pessoas estão se perguntando como podem contribuir de maneira significativa para um mundo mais justo e equitativo. No entanto, a luta antirracista não deve ser tratada como uma resolução de ano novo, mas sim como um compromisso diário. O racismo estrutural é uma realidade que afeta a sociedade como um todo e, para combatê-lo de maneira eficaz, é necessário mais do que consciência; são necessárias ações práticas, consistentes e transformadoras.

Mas como ser um aliado antirracista em 2025? A seguir, reunimos sugestões de ações que podem ser incorporadas ao cotidiano de qualquer pessoa, além de ouvir especialistas sobre como podemos contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

1. Eduque-se sobre o racismo estrutural

O primeiro passo para se tornar um aliado antirracista é o aprendizado contínuo. Compreender como o racismo se manifesta de maneira estrutural e sistêmica no Brasil e no mundo é essencial para adotar atitudes que realmente desafiem esse sistema. Isso inclui estudar a história da escravidão, a discriminação contemporânea e as desigualdades em diversas áreas, como educação, saúde, segurança pública e mercado de trabalho.

Djamila Ribeiro, filósofa e escritora, é uma das principais vozes da luta antirracista no Brasil e fala frequentemente sobre a importância da educação para o combate ao racismo. Segundo ela:

“O lugar de fala da pessoa branca na luta antirracista é o lugar de escuta. O aliado antirracista precisa entender as estruturas de poder que sustentam o racismo e, a partir disso, agir.” (Fonte: entrevista no programa “Roda Viva”, 2020)

Ler livros como “Pequeno Manual Antirracista” de Djamila Ribeiro ou “O Genocídio do Negro Brasileiro” de Abdias do Nascimento são boas formas de aprofundar esse entendimento.

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Foto: Pexels

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2. Promova a representatividade e a inclusão em espaços de poder

Uma das formas mais eficazes de ser um aliado antirracista é garantir que pessoas negras tenham voz e espaço nos lugares de decisão. Isso pode ser feito de várias maneiras, desde apoiar políticas públicas que promovam a inclusão até garantir a diversidade em sua rede de contatos profissionais e pessoais.

Luiza Bairros, socióloga e militante antirracista, destaca a importância da inclusão de pessoas negras nos espaços de poder:

“A falta de representação é uma das maiores formas de violência simbólica que existe. É preciso que as políticas públicas atendam as necessidades da população negra e que a representatividade se refita nas esferas de decisão.” (Fonte: entrevista no programa “Revista do Jornalismo”, 2018)

Para isso, você pode apoiar candidaturas de lideranças negras, promover a equidade nas empresas e exigir que políticas de inclusão sejam efetivas.

3. Apoie iniciativas de comunidades negras

Iniciativas lideradas por pessoas negras são fundamentais para o fortalecimento da identidade e da autonomia da população negra. Apoiar projetos de empreendedores negros, movimentos culturais e ações sociais nas comunidades periféricas é uma forma prática de contribuir para a equidade racial.

A vereadora e ativista Marielle Franco, que sempre defendeu a importância do empoderamento das comunidades negras e periféricas, dizia:

“Quando você se dedica a transformar a vida de quem mais precisa, você se dedica também à transformação de uma sociedade inteira.” (Fonte: discurso no lançamento da Frente Parlamentar em Defesa das Mulheres Negras, 2018)

4. Desafie atitudes e falas racistas

Ser um aliado antirracista também significa ter coragem de confrontar atitudes racistas em seu cotidiano. Isso inclui intervir em situações de racismo verbal ou institucional, educando quem pratica esse tipo de atitude, sempre com empatia e respeito. Em conversas informais, é importante não silenciar diante de piadas ou estereótipos racistas, mesmo que eles pareçam inofensivos.

Cris Rodrigues, especialista em políticas públicas e diversidade, lembra:

“O silêncio diante do racismo é uma forma de compactuar com ele. O aliado não pode se omitir. É preciso reagir em situações cotidianas, porque é aí que o racismo se perpetua.” (Fonte: palestra no Fórum de Diversidade e Inclusão, 2022)

Esse comportamento é fundamental, especialmente em ambientes de trabalho ou na escola, onde atitudes discriminatórias podem passar despercebidas ou serem minimizadas.

5. Apoie e participe de políticas públicas antirracistas

Participar ativamente do apoio a políticas públicas antirracistas é uma ação prática crucial para construir uma sociedade mais justa. Isso inclui a defesa de legislações que garantam a igualdade de oportunidades, como o direito à educação, saúde, segurança e habitação, além de políticas de reparação histórica para a população negra.

No Brasil, a implementação das Cotas Raciais nas universidades públicas é um exemplo de política que visa combater a desigualdade histórica. Ao apoiar essas políticas, você contribui diretamente para reduzir as disparidades raciais no país.

O ativista Sérgio Santos destaca que:

“As políticas públicas precisam não só ser afirmativas, mas também ser implementadas com eficácia. A população negra tem que ser atendida de maneira real, sem subterfúgios, e isso requer pressão contínua da sociedade civil.” (Fonte: entrevista ao portal UOL, 2021)

6. Pratique a reparação social no seu cotidiano

A reparação social vai além de dar visibilidade a questões raciais; trata-se de investir de maneira concreta na melhoria das condições de vida das populações negras. Isso pode ser feito de várias formas, como consumir de empresas negras, investir em produtos e serviços criados por empreendedores negros e apoiar a educação de jovens da comunidade negra.

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