Fonte: AFP
A classe política francesa condenou de forma unânime neste sábado (29) uma publicação racista que retrata a deputada francesa Danièle Obono, que nasceu no Gabão, na África, como escrava, qualificando o artigo como “inaceitável” e com “apologia ao racismo”.
No último sábado (29), o presidente francês Emmanuel Macron conversou com a deputada de esquerda, e expressou sua “clara reprovação a qualquer forma de racismo”, comunicou o Palácio presidencial do Eliseu à AFP.
Pouco antes, o primeiro-ministro francês Jean Castex condenou uma “postagem indignante” no Twitter e expressou o apoio do governo à deputada Obono.
Em uma publicação de sete páginas divulgada nesta semana pela Valeurs Actuelles, a deputada parisiense “experimenta a responsabilidade dos africanos pelos horrores da escravidão” no século 18, segundo a apresentação da revista. Desenhos de Obono, com um colar de ferro no pescoço foram publicados com o texto.
Desde sexta-feira (28), Obono já fazia alusão a uma “merda racista em um jornaleco” no Twitter.
“A extrema direita, odiosa, estúpida e cruel: enfim, igual a si mesma”, acrescentou a deputada.
Jean-Luc Mélenchon, líder do LFI (França insubordinada, esquerda radical), partido ao qual pertence Obono, criticou o “assédio odioso” a que o parlamentar é submetido.
Segundo a revista, “foi uma ficção que encenou os horrores da escravidão organizada pelos africanos no século 18”, uma “terrível verdade que os indigenistas não querem ver”.
Tugdual Denis, editor-chefe adjunto da Valeurs actuelles, se desculpou em declarações ao canal privado BFMTV: “Eu entendo, com a carga simbólica extremamente violenta desta imagem, que Danièle Obono tenha se comovido. Pedimos desculpas a ela a título pessoal” disse ele, negando que a publicação fosse “racista”.
Wallerand de Saint-Just, chefe do partido da extrema-direita, o Agrupamento Nacional, condenou a publicação no Twitter, chamando-a de “absoluto mau gosto”.
“O combate político não justifica esse tipo de representação humilhante e dolorosa de uma deputada eleita da República”, acrescenta.